Comunidades tradicionais da BHSF começam a ser vacinadas contra a Covid-19

04/02/2021 - 13:10

Os indígenas aldeados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, representantes das comunidades tradicionais da bacia hidrográfica do Rio São Francisco, começaram a ser vacinados contra a Covid-19, no mês de janeiro. Eles fazem parte do grupo prioritário na fase inicial da vacinação. Ao todo, a vacinação vai atender 410 mil indígenas de todo o Brasil, de acordo com o governo federal.

Em Minas Gerais, na região do Alto São Francisco, a vacinação contra Covid-19 teve início com a população da aldeia Brejo Mata Fome, que vive em São João das Missões, no Norte do estado. O cacique Domingos Xakriabá foi o primeiro a ser vacinado. Segundo o governo de Minas, mais de sete mil vacinas são destinadas à população indígena neste momento. Ao todo, são 85 aldeias no estado, espalhadas por 19 cidades.

Os indígenas da Bahia, no Médio São Francisco, também começaram a ser vacinados. O cacique Wilton Tuxá informa que mais da metade da aldeia já foi imunizada. “Nossa aldeia tem 1.500 indígenas e 742 receberam a vacina. Temos que nos proteger, pois caso contrário seria uma catástrofe”, diz.

A Secretaria Especial de Saúde Indígena, jurisdicionada ao Polo Base de Saúde Indígena em Paulo Afonso, informa que até o dia 03 de fevereiro 2.347 indígenas haviam sido vacinados nos municípios de Abaré, Glória, Paulo Afonso e Rodelas.

Em Pernambuco, no Submédio São Francisco, até o dia 31 de janeiro, 15.386 indígenas haviam sido imunizados. O município de Itacuruba, ao qual pertence a aldeia Serrote dos Campos do povo Pankará, começou a vacinar em janeiro, quando recebeu o primeiro lote de imunizantes contra a Covid-19.

No Baixo São Francisco, em Alagoas, o pajé Carlos Alberto Suíra, da comunidade indígena Kariri Xocó, de Porto Real do Colégio, comemora a vacinação. “Somos quase 4 mil indígenas, sendo mais ou menos 3.700 aldeados. Até agora foram disponibilizadas 1.500 doses, e a vacinação começou na nossa aldeia no início de fevereiro. É um momento importante para os Kariri Xocó, com aceitação total da imunização pela comunidade indígena”, afirma.

O indígena Kariri Xocó conta que a vacina era muito esperada desde o início da pandemia para que os parentes possam se encontrar no futuro próximo. “Com essa vacina, com certeza a gente terá mais segurança e melhores dias de vida pela frente”, acredita o pajé.

O estado de Alagoas possui seis etnias indígenas, divididas em várias comunidades por todo o estado: Xukuru Kariri, Jeripancó, Tinguí Botó, Kariri Xocó, Karapató e os Wassu Cocal. Destas etnias, apenas a Tingui Botó não registrou mortes desde o início da pandemia. As outras cinco tiveram uma morte cada pelo novo coronavírus, de acordo com dados do Painel Covid-19, mantido pela Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas.

E em Sergipe, ao todo são 260 indígenas aldeados que receberão as doses da vacina, segundo informou a Secretaria de Estado da Saúde (SES). Na aldeia Xocó, localizada no povoado Ilha de São Pedro, no município de Porto da Folha, Alto Sertão sergipano, o primeiro vacinado foi o ancião Manoel dos Santos, conhecido como ‘tio Santinho’, de 82 anos.

Mesmo com enorme subnotificação, foram confirmados no Brasil até o dia 03 de fevereiro, ao menos 47.687 indígenas contaminados, 947 mortos e 161 povos afetados.

Pescadores e quilombolas aguardam a vacinação

À espera da vacina, representantes dos pescadores e quilombolas no Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) contam como se sentem enquanto aguardam imunização contra a Covid-19.

A representante dos quilombolas no CBHSF, Sandra Maria da Silva Andrade, do Quilombo Carrapato da Tabatinga, localizado em Bom Despacho (MG), na região do Alto São Francisco, conta que a vacina é muito esperada desde o início da pandemia para que os parentes possam se encontrar no futuro próximo. “Com essa vacina, com certeza a gente terá mais segurança e melhores dias de vida pela frente”, acredita.

Mesmo sem saber quando chegará a sua vez de ser imunizada, a pescadora Vilma Martins Veloso, representante da Federação dos Pescadores Artesanais e Aquicultores de Minas Gerais no CBHSF, tem confiança em dias melhores. “Eu e toda a colônia temos a esperança de que a vacina chegue o quanto antes. Aqui na região de Várzea da Palma, apenas um pescador foi contaminado por um visitante de fora. Estamos contentes com a proximidade da vacina e acreditamos que ela vai ajudar a controlar a pandemia”.

 

Assessoria de Comunicação CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Luiza Baggio
*Fotos: Agência Minas e pajé Carlos Kariri-Xocó