O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, através da empresa Agrinatus – Agricultura e Meio Ambiente, realizou ontem (11) o seminário inicial do Projeto de Requalificação Ambiental na Bacia do Riacho Mocambo, em Curaçá, Bahia. O evento contou com a presença da comunidade, da equipe técnica da empresa Agrinatus, da empresa Gama Engenharia, fiscalizadora das obras, do coordenador da Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco, Cláudio Ademar, e de representantes da prefeitura e do Instituto Regional da Pequena Propriedade Apropriada (IRPAA).
Os serviços que visam a implantação de ações de conservação de solo e água nas comunidades Mocambo, Umbuzeiro, Boa Esperança e Boticudo tem o objetivo de reduzir os impactos ambientais decorrentes do sobreuso de solo aliados às condições climáticas da região. Para isso serão construídas barragens sucessivas de contenção de sedimentos nos leitos de afluentes do Riacho Mocambo, barreiros-trincheira e manutenção das estruturas, passagens molhadas em pontos de interseção entre estradas e os leitos dos cursos d’água, além da manutenção de cacimbas de bogó comunitárias localizadas no leito intermitente do Riacho Mocambo, construção de barragens de pedra argamassada à montante das cacimbas de bogó e cercamento de áreas de preservação permanente. As ações ainda preveem a realização de atividades de mobilização social e sensibilização socioambiental.
O coordenador da CCR Submédio, Cláudio Ademar, parabenizou a comunidade que, vendo a urgência do problema, inscreveu o projeto no edital de chamamento do CBHSF. “Parabenizo vocês pelo empenho e organização em apresentar a demanda ao Comitê e, dentre as propostas selecionadas, chegou a vez da comunidade. O Comitê tem recursos oriundos da cobrança pelo uso da água da bacia do São Francisco e estamos empenhados em atender essa região que já foi considerada pelos pesquisadores como árida, o que quer dizer que passamos, em alguns locais, de região semiárida para árida. Isso é uma ferida aberta na natureza e a gente precisa cuidar. Já temos regiões nessa classificação nos municípios de Abaré, Chorrochó, Rodelas, Curaçá e Juazeiro. Portanto, são locais que precisam de intervenção urgente e é isso que o Comitê está empenhado em atender as comunidades afetadas e mostrar aos demais órgãos competentes que é possível fazer”.
As soluções que serão implantadas nas comunidades também visam promover a captação e o armazenamento de água da chuva, evitando a ocorrência de processos erosivos com o arraste de sedimentos que podem ser direcionados até a micro bacia do Riacho Mocambo, comprometendo a qualidade de vida das comunidades contempladas. Ao todo serão construídas 22 barragens sucessivas para o armazenamento de água proveniente das chuvas; 14 barreiros-trincheira, que também devem reduzir a evaporação e manter a água acumulada por mais tempo, 4 passagens molhadas; 3 barragens de pedra argamassada (BPA), 3 cacimbas de bogó com instalação de tampas de proteção e cercamento em 3 áreas distintas consideradas prioritárias para a recuperação e conservação pelas comunidades.
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As lideranças comunitárias destacam os problemas enfrentados, a preocupação com o futuro e a necessidade de contribuição e acompanhamento da comunidade para o sucesso do projeto. “Temos muitos problemas com erosão e se nada fosse feito as próximas gerações nem iriam ver como é essa região. Foi isso que nos motivou a fazer o projeto e apresentar ao Comitê. Nosso objetivo é ter melhora nas aguadas que abastecem os animais e recuperar o solo que está assoreado”, afirmou o líder comunitário de Mocambo e Umbuzeiro, Arnaldo Cardoso Dias.
Já a liderança comunitária do Boticudo, Leandro Alves Miranda, lembrou a importância da participação popular. “Todos nós somos fiscais dessas obras e pedimos que todos se mantenham em um processo amigável com a empresa e com a comunidade”. O CBHSF vai investir R$ 976.909,15, recursos oriundos da cobrança pelo uso da água na bacia do São Francisco.
Mobilização social e educação ambiental
Previsto pelo Programa de Educação Ambiental do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, todas as obras devem incluir oficinas de capacitação com o objetivo de promover o engajamento ativo dos participantes no monitoramento e proteção das áreas recuperadas, além de orientar, sensibilizar e capacitar a população local sobre a importância da proteção do meio ambiente.
Assessoria de Comunicação do CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Juciana Cavalcante
*Foto: Juciana Cavalcante