Com foco em garantir segurança hídrica em comunidades do município de Miravânia, Minas Gerais, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) garantiu a instalação de sistemas de geração de energia fotovoltaica conectados à rede de energia elétrica (on grid) para bombeamento de poços tubulares existentes na zona rural, em atendimento às demandas das populações.

As obras foram concluídas nos últimos dias 10 e 11 de novembro com a realização de capacitação e seminário final, respectivamente. Os serviços que aconteceram nos últimos sete meses, foram realizados pela empresa Solarterra Engenharia, contratada pelo CBHSF através da Agência Peixe Vivo, em atendimento ao edital de Chamamento Público 02/2019 para a seleção de projetos com foco na sustentabilidade hídrica no semiárido.

Com cerca de 4.900 habitantes, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o ano de 2020, Miravânia que está localizada na mesorregião do Norte de Minas, foi contemplada com o projeto de Geração de Energia Fotovoltaica para Sustentabilidade Hídrica no Semiárido e recebeu a instalação de 12 kits fotovoltaicos, possibilitando o abastecimento de água nas comunidades e beneficiando 710 famílias. Em Miravânia, o abastecimento é realizado através de poços artesianos que são operados pela prefeitura. A partir de levantamento das contas de energia elétrica apresentado pelos representantes da prefeitura, verificou-se que os poços demandam altos gastos com energia elétrica, com custos médios de R$35.000,00.

O coordenador da Câmara Consultiva do Alto São Francisco, Altino Rodrigues, lembrou que a obra faz parte do Plano Diretor de Recursos Hídricos (PDRH). “O CBHSF tem em seu PDRH um eixo voltado para a sustentabilidade hídrica no semiárido, inclusive já tendo promovido um seminário sobre o tema. Neste seminário foram apresentadas várias tecnologias que vão da fotovoltaica, dos aerogeradores, do aquecimento solar, até o fogão solar. Todas foram apresentadas como alternativas sustentáveis para substituir a queima de lenha, que normalmente é oriunda da vegetação local. O projeto demonstrativo de Miravânia, a partir da instalação de painéis fotovoltaicos, garantirá a energia necessária ao bombeamento da água de poço profundo para a comunidade local, oferecendo assim maior segurança hídrica à população. É proposta do Comitê difundir estas tecnologias nas regiões do semiárido de toda a bacia”, explicou.

O Secretário de Agricultura e Meio Ambiente de Miravânia, Denilson Gomes dos Santos, esclareceu que, ao saber do edital do CBHSF, inscreveu o município por visualizar a oportunidade de reduzir custos ao erário público e com isso destinar o dinheiro a outras necessidades. “Decidimos participar de imediato da seleção do CBHSF por entender que é um projeto de viabilidade econômica muito interessante e que poderia trazer inúmeros resultados ao longo dos anos. Agora, a expectativa, com o sistema funcionando, é muito grande, uma vez que vai gerar economia de energia e dar oportunidade a gestão atual e às futuras gestões do munícipio de investir em outras ações, principalmente voltadas para a questão ambiental, como recuperação de nascentes e melhorias do sistema de abastecimento de água, por exemplo. Então, estamos muito felizes pela oportunidade que o Comitê nos proporcionou em receber um projeto tão grandioso como esse e estamos otimistas com os resultados que ele trará para nossa cidade”.

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Com a energia fotovoltaica será possível reduzir a dependência da geração de energia e a utilização de mata nativa para a produção de lenha, situação ainda comum em algumas localidades. A empresa Solarterra se responsabilizou pelo fornecimento de materiais e equipamentos, montagem, comissionamento, ativação dos equipamentos e materiais, além da prestação de manutenção e suporte técnico. Também se responsabilizaram pela efetivação do acesso junto à concessionária de energia elétrica em conformidade com as Resoluções ANEEL 482/2012, 687/2015 e 786/2017, e Manual de Geração Distribuída da Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG). Técnicos da Prefeitura de Miravânia também foram capacitados para utilização da infraestrutura.

As placas foram implantadas em pontos junto aos poços que abastecem as comunidades rurais de Panelinha I e II, Pocinho (Panelinha I), Brejão, Riacho Novo I e II, Riacho Novo (Cabeceira), Cocos, Peri-Peri, Virgínio II, Itacarambizinho e Bananeira. A estimativa das quantidades de placas necessárias para atender as demandas de energia de cada poço foi realizada com base no consumo de kwh/mês, dos últimos doze meses, obtidos através das contas de energia enviadas pela Prefeitura de Miravânia.

“O projeto em Miravânia foi destinado ao abastecimento do consumo de energia elétrica de poços que atendem o suprimento de água das comunidades, então a prefeitura, que faz a gestão, vai deixar de pagar uma parcela expressiva da conta e com isso vão poder utilizar em outras ações dentro do município, algo muito importante para a população”, afirmou o engenheiro eletricista e proprietário da empresa responsável pelos serviços, Solarterra Engenharia, Mário Sergio Cassoli Dias.

Membro do CBHSF, José Valter Alves também esteve na conclusão das atividades e afirmou que o projeto ganhou reconhecimento da população. “Tive a oportunidade de estar na conclusão do projeto de energia solar em Miravânia e vi o reconhecimento da população, o agradecimento ao Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco e à Agência Peixe Vivo que proporcionou àquelas famílias melhores condições, uma vez que a energia elétrica tem um custo muito alto e agora vão contar com energia de fonte sustentável. Essa nova linha de ação do Comitê é fantástica. No Norte de Minas, região de Miravânia, a maior parte do abastecimento de água para as famílias é de poços tubulares e com a energia solar o custo vai se tornar mais barato para o produtor; então eu parabenizo a Diretoria do CBHSF em especial a CCR do Alto São Francisco que também apresenta e defende esses projetos que muito engrandecem o Comitê e ajudam o homem do campo”, concluiu.

Assessoria de Comunicação do CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Juciana Cavalcante
*Foto: Danielle Dantas/Solarterra