Cidades do Submédio São Francisco contempladas com projetos ambientais recebem visita técnica

16/01/2024 - 13:55

Em última fase do processo de seleção de demandas espontâneas para o programa de proteção, conservação e/ ou recuperação ambiental em microbacias hidrográficas (PPCRA), o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco e a Agência Peixe Vivo iniciaram as visitas técnicas em oito localidades das regiões fisiográficas. O objetivo é conhecer o local indicado pelos primeiros selecionados e avaliar, inicialmente, a necessidade, demanda e viabilidade dos projetos.


No Submédio São Francisco, as cidades de Pilão Arcado (BA) e Petrolândia (PE) foram as primeiras selecionadas. Na última quarta-feira (10) o coordenador da Câmara Consultiva Regional do Submédio, Cláudio Ademar, o coordenador técnico da Agência Peixe Vivo, Paulo Sérgio da Silva e o presidente do CBH do Lago de Sobradinho, Ivan de Aquino estiveram no povoado de Passagem, pertencente à cidade de Pilão Arcado localizada 785km da capital baiana. A cidade é uma das quatro transferidas de território para ocupação do reservatório da usina hidrelétrica Sobradinho.

Buscando principalmente desenvolver projetos de educação ambiental voltados à preservação das matas ciliares para as comunidades ribeirinhas, à conservação do solo, água e vegetação, com foco em sensibilizar e engajar a população para a manutenção dos rios e qualidade da água, a comunidade não tem acesso ao saneamento básico e ainda despeja o esgoto diretamente no rio São Francisco que, como consequência, acumula grande volume de macrófitas indicando o alto grau de poluição. O povoado fica na margem esquerda do rio São Francisco e do Lago de Sobradinho e é apontado como um dos maiores portos pesqueiros no Rio São Francisco, sendo formado por comunidade tradicional de pescadores que tem a atividade como fonte principal de subsistência.

“Mostra-se real a necessidade de um projeto voltado para a comunidade ribeirinha, para as populações abastecidas pela água captada em um dos braços do rio São Francisco, mesmo local que são despejados regularmente dejetos pelos frigoríficos instalados na localidade”, identificou a proposta, apresentada à comunidade, por meio da Empresa Baiana de Saneamento (Embasa).

Para o presidente da colônia de pescadores Z49, Ademilson Teixeira da Gama, o projeto deve fazer a diferença na vida da população ribeirinha. “A expectativa é grande, na verdade, é um sonho receber um projeto em prol do meio ambiente. A comunidade de pescadores entende que é preciso preservar, temos essa consciência, mas precisamos reforçar isso e colocar em prática”.

Já no município de Petrolândia, a comunidade da Aldeia Brejinho da Serra, do povo indígena Pankararu, solicitou a recuperação e a restauração florestal da nascente “Bica do Brejinho da Serra”. O objetivo, de acordo com a comunidade, é promover a valorização da cultura e conhecimento da comunidade rural da Aldeia Taboa, etnia Pankararu, por meio da implantação de um sistema agroflorestal comunitário. O manancial “Bica do Brejinho da Serra”, está nos domínios da comunidade indígena com atualmente 350 famílias que vivem da agricultura de subsistência (agropecuária e pesca) e criação de animais.


Veja fotos da visita a Pilão Arcado (BA):


Segundo a comunidade, o desmatamento da área somado à construção de poços e canalização da água compromete áreas de recarga e impossibilita o percurso natural da água. “Em decorrência desses fatores, várias espécies de plantas nativas que havia na área e eram de utilização tradicional foram comprometidas, a exemplo do caroá (planta de rituais religiosos e utilização de sua fibra no artesanato) e o ouricuri (para confecção de artesanato), ambas as plantas nativas do bioma caatinga. Portanto, a vida econômica (em parte), social, cultural e espiritual desta comunidade girava em torno deste meio natural que vivenciou sua degradação nestes últimos dez anos. A recuperação e preservação dessa área de, aproximadamente 2,8 hectares pode assegurar a permanência e perpetuação da fauna e flora local”, afirma a comunidade.

“Os projetos hidroambientais, financiados pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, são importantes para além da questão social, ambiental e hídrica, quer dizer, o Comitê utiliza esses projetos como campos demonstrativos para mostrar à sociedade, aos poderes municipais, estaduais e federal que com boa aplicação de recursos financeiros, nesse caso recursos da cobrança, podemos ter revitalização com projetos que de fato recuperam a bacia do rio São Francisco”, destacou o coordenador da CCR Submédio, Cláudio Ademar.

Após essa fase, o CBHSF avança para a etapa de contratação de empresa para elaboração dos projetos. A contratação é feita pelo Comitê através da Agência Peixe Vivo. “Essa etapa da seleção antecede a publicação da resolução Direc do CBHSF que, após seu cumprimento, a Agência Peixe Vivo iniciará o processo para licitar e contratar empresa para elaborar os projetos ambientais. Feito isso, somado ao cadastro dos beneficiários, uma nova licitação será realizada para execução das obras necessárias”, afirmou o coordenador técnico da Agência Peixe Vivo, Paulo Sérgio da Silva.


Assessoria de Comunicação do CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
Texto: Juciana Cavalcante
Foto: Juciana Cavalcante