Chuvas intensas alertam para possibilidade de rompimentos de barragens em Minas Gerais

11/01/2022 - 14:45

As chuvas que atingem Minas Gerais desde o fim de dezembro, deixando diversas cidades alagadas, se intensificaram no segundo fim de semana de janeiro. A força das águas deixou moradores ilhados, cidades debaixo d’água e aumentou o alerta para o risco de rompimento de barragens.

No último sábado (08/01), o transbordamento de um dique de contenção de água na região da Mina de Pau Branco, da mineradora Vallourec, em Nova Lima (MG) deixou a população em alerta. O empreendimento se situa na microbacia do córrego Cachoeirinha, pertencente a bacia do Rio das Velhas, importante afluente do rio São Francisco. O dique fica localizado acima do ponto de captação de água da Copasa em Bela Fama, que abastece grande parte de Belo Horizonte e região metropolitana. Após o incidente, a situação da mina alcançou o nível 3 de emergência, a mais grave na escala de segurança da Agência Nacional de Mineração (ANM).

O dique, com capacidade de 85 mil metros cúbicos de água, sofreu extravasamento pelo excesso de chuva e parte do volume carreou o material que estava nas proximidades, invadindo a área da rodovia e atingindo alguns veículos que estavam no local. Segundo o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil uma pessoa ficou ferida e não houve vítimas fatais.

Já no rio Pará, afluente do Rio São Francisco, no Centro-Oeste de Minas Gerais, moradores da cidade de Pará de Minas tiveram que deixar suas casas depois que a prefeitura emitiu um comunicado sobre o risco de rompimento da barragem da hidrelétrica da Usina do Carioca. A situação da represa, que pertence à empresa Santanense, foi classificada por autoridades como “crítica”.

“Esse é um alerta sério. Pedimos a todos vocês que repassem a gravidade da situação. É um risco devido às intensas chuvas e que precisamos evitar uma tragédia maior”, informou a prefeitura de Pará de Minas, nas redes sociais. O alerta foi endossado pelo Corpo de Bombeiros, que determinou evacuação imediata das comunidades ribeirinhas de Pará de Minas, Pitangui, Onça de Pitangui, São João de Cima, Casquilho de Baixo, Casquilho de Cima e Conceição do Pará. O porta-voz dos Bombeiros de Minas, Pedro Aihara, afirmou que “tem água vertendo tanto por cima da barragem como dos lados”.

O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pará (CBH do Rio Pará), José Hermano Oliveira Franco, alertou que o principal impacto do rompimento da barragem da Usina Carioca será para os ribeirinhos. “Como o barramento é de água não causaria contaminação ao rio Pará. Quem sofrerá são os ribeirinhos que terão que deixar suas casas”, explicou.

O risco das barragens

O estado de Minas Gerais é marcado por duas tragédias envolvendo o rompimento de barragens de mineração. Em 2015, a barragem de Fundão se rompeu, gerando uma onda de rejeitos que matou 19 pessoas, destruiu o distrito de Bento Rodrigues e deixou um rastro de destruição ambiental. Já em 2019, a barragem da Vale, em Brumadinho, se rompeu, deixando 262 mortos, oito desaparecidos e devastando o rio Paraopeba.

O mais recente boletim da ANM, publicado no dia 06 de janeiro, mostra que o Brasil tinha 40 barragens em nível de emergência em dezembro de 2021 – sete a menos do que o registrado no fim do ano anterior. Dessas, três se encontram em nível máximo de emergência. Ainda de acordo com o boletim, as três unidades ficam localizadas em Minas Gerais, sendo duas delas na bacia do Rio das Velhas: B3/B4 em Nova Lima e Forquilha III em Ouro Preto.

 

Assessoria de Comunicação CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Luiza Baggio
*Fotos: Divulgação – Prefeitura de Pará de Minas