Escolhidas para sediar o segundo ano da capacitação para manejo da irrigação na Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, as cidades de Lagoa Grande, em Pernambuco, e Abaré, na Bahia, receberam durante essa semana a visita da coordenação da Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco para iniciar os procedimentos que resultarão no curso que deve atender pelo menos 60 irrigantes.
O coordenador da Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco, Cláudio Ademar, esteve nos dias 14 e 15, junto com o coordenador técnico da Agência Peixe Vivo, Guilherme Guerra, nas cidades onde se reuniram com prefeitos e secretários. O objetivo foi dar as orientações primárias para a seleção dos irrigantes, que será realizada pelas prefeituras. “Queremos envolver irrigantes das mais diversas áreas e culturas porque assim eles podem replicar para os demais os conteúdos aprendidos de modo que as informações atinjam ainda mais pessoas”, afirmou o prefeito de Lagoa Grande, Vilmar Cappellaro.
A ação promovida e financiada pelo CBHSF faz parte do Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (PRH-SF 2016-2025), que apontou um déficit quanto a capacitação de usuários de água na bacia, o que levou o Plano de Metas do PRH-SF 2016-2025 a recomendar investimentos de forma contínua a fim de capacitar usuários de água. O diagnóstico apontou ainda que quase 80% de toda a água captada na bacia é destinada ao suprimento de sistemas de irrigação. Dentre os principais polos de agricultura irrigada na bacia hidrográfica do rio São Francisco destacam-se como grandes usuários de água a região do Vale do São Francisco com cidades como Petrolina/Juazeiro na fruticultura irrigada; o oeste da Bahia, pela produção de algodão e cereais; o noroeste de Minas, com a cana-de-açúcar e cereais; e a região de Propriá, pela rizicultura (cultivo agrícola do arroz).
Com quase 25 mil habitantes, Lagoa Grande tem apenas 28 anos de fundação e se destaca pela irrigação que subsidia a grande produção de uva, uma das principais fontes de renda do município com potencial de produção anual média de 15 milhões de litros de vinhos, além de sucos orgânicos e espumantes. Lagoa Grande se destaca ainda, na exportação em larga escala de uvas de mesa e apirênicas (uva sem caroço). Já o município de Abaré, na Bahia, com quase 20 mil habitantes tem 60 anos de fundação e é uma das maiores produtoras baianas de cebola, além da produção expressiva de tomate se destacando também na pecuária com o rebanho ovino.
“Quando realizamos pela primeira vez a capacitação no ano passado, sentimos o anseio que a população tinha por esse tipo de conteúdo e, aliada a essa demanda dos ribeirinhos, decidimos transformar a ação em um programa continuado para atender a bacia como um todo”, explicou o coordenador da CCR, Cláudio Ademar.
Maior demanda por água
Além do alto consumo já registrado, segundo o diagnóstico do PRH-SF 2016-2025, até o ano de 2035 é aguardada a elevação da participação da agropecuária nas economias de boa parte dos municípios da bacia hidrográfica do rio São Francisco, e a utilização da água para irrigação aparece como um dos motores deste cenário onde deve se estabelecer, como consequência, a elevação da pressão sobre a disponibilidade hídrica na bacia hidrográfica do rio São Francisco. Com isso, a capacitação de produtores, em práticas do manejo do solo e da água (irrigação) é fundamental para a minimização do desperdício de água, além da manutenção da qualidade dos solos e controle da erosão.
No ano passado, quando 120 irrigantes participaram da capacitação, as primeiras cidades a serem atendidas foram Caeté (MG) – Alto São Francisco, Lapão (BA) – Médio São Francisco, Serra Talhada (PE) – Submédio São Francisco e Canindé de São Francisco (SE) – Baixo São Francisco. As atividades desenvolvidas envolveram visitas técnicas de reconhecimento aos municípios, plano de mobilização social e elaboração do Plano de Trabalho; Elaboração de materiais de apoio, incluindo apostila técnica, materiais gráficos de divulgação, materiais da aula teórica e capacitações técnicas, e distribuição dos kits de tensiômetros.
Os assuntos abordados durante a capacitação trataram de temas como tipos de solos e principais características associadas aos sistemas de irrigação; água para irrigação, ciclo da água; relação da água com as plantas; evapotranspiração das culturas; métodos de irrigação, vantagens e desvantagens; características gerais dos sistemas de irrigação; entre outros.
Assessoria de Comunicação do CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Juciana Cavalcante
*Fotos: Juciana Cavalcante