Os membros da Câmara Consultiva Regional (CCR) Alto São Francisco do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) realizaram reunião ordinária nesta sexta-feira (26 de abril), em Belo Horizonte (MG). Entre os assuntos debatidos, o encontro teve como destaque duas apresentações: uma sobre o Zoneamento Ambiental Produtivo e outra sobre uma avaliação das águas da Bacia do Paraopeba.
O coordenador da CCR Alto, Adson Ribeiro, abriu a reunião e disse que a Câmara tem avançado e que a união entre os membros é de suma importância para uma gestão eficiente. “Estamos trabalhando juntos e cada membro da CCR Alto São Francisco tem um importante papel no avanço de nossos trabalhos. Com a união das forças de cada membro estamos conseguindo avançar e buscar as melhorias que são necessárias para uma boa gestão para o Rio São Francisco”, afirmou.
ZAP
O Zoneamento Ambiental Produtivo (ZAP) foi apresentado aos membros da CCR Alto pelo secretário adjunto da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SEAPA), Amarildo José Brumano Kalil. A ferramenta permite a realização de um diagnóstico das sub-bacias hidrográficas, viabilizando a sistematização das informações sobre seu potencial produtivo, levando em consideração as limitações do uso dos recursos naturais, de forma a garantir uma produção sustentável.
Coordenado pela SEAPA e pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD), as informações sistematizadas na metodologia permitem que empreendedores, em determinadas bacias hidrográficas, possam estabelecer seu potencial produtivo levando em consideração as limitações do uso dos recursos naturais.
Amarildo Kalil considera o ZAP uma ferramenta fundamental para os profissionais que trabalham com questões ambientais. “Com o ZAP é possível ter uma visão holística da bacia hidrográfica. Assim, as decisões tomadas no âmbito da propriedade terão como base o diagnóstico da bacia, que o produtor utilizará para fazer a adequação socioeconômica e ambiental da propriedade, com foco na sustentabilidade”, explica Amarildo Kalil.
A metodologia para realizar o Zoneamento Ambiental Produtivo pode ser acessada no site da SEAPA (www.agricultura.mg.gov.br), na guia Cidadão.
Veja as fotos da reunião:
Águas do Paraopeba
Um estudo financiado pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), realizado pela IB Consultoria e Gestão Ambiental também foi apresentado aos membros da CCR Alto, durante a reunião desta sexta-feira. O estudo mostra a evolução das águas da bacia do Rio Paraopeba frente aos empreendimentos do setor industrial e mineração, utilizando os resultados do monitoramento da qualidade das águas do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM), nos índices de Qualidade das Águas (IQA), Contaminação por Tóxicos (CT), Índice de Estado Trófico (IET), no período que abrange desde o ano de 1997 até final do ano de 2018. Também foi realizada uma avaliação da qualidade das águas do Paraopeba após o rompimento da barragem 1, da Mina Córrego do Feijão, de propriedade da Vale, em Brumadinho, MG. A avaliação teve como base os pontos de monitoramento dentro da calha do Rio Paraopeba.
A responsável pela apresentação do estudo, Irani Barbosa, mostrou que os maiores valores dos parâmetros monitorados ocorreram logo após a tragédia da Vale em Brumadinho, principalmente nos primeiros 40 km do Rio Paraopeba, quando foram sentidos os efeitos imediatos da frente de rejeitos e dos materiais que foram sendo incorporados ao material extravasado da barragem 1 da Mina Córrego do Feijão, à medida que eles iam passando.
“Após o rompimento da barragem da Mina do Feijão, observa-se que estes valores aumentaram significativamente e se localizam até o dia 20 de março, para Alumínio e Ferro até o ponto BP099 em Felixlândia/Pompéu, e para Manganês até o BP083, na cidade de Paraopeba.
O trabalho será divulgado em breve no site da Fiemg.
Outras pautas
Os membros da CCR também discutiram sobre as deliberações que dispõem sobre o Regimento Interno do CBHSF e a que dispõe sobre a organização e o funcionamento das Câmaras Consultivas Regionais e que serão votadas na próxima Plenária do Comitê, que acontecerá nos dias 16 e 17 de maio, em Brasília (DF).
A barragem de água da Caatinga, localizada em Engenheiro Dolabela, distrito de Bocaiúva, tambem foi ponto de pauta. Os membros da CCR Alto São Francisco, Sirléa Drumond e José Valter Alves mostraram que a barragem foi construída na década de 1970 para ajudar na operação de uma indústria do ramo açucareiro e depois ficou sob responsabilidade do Incra. No ano de 2017 alguns problemas já tinham sido constatados na estrutura, como concreto que cedeu e foi arrastado pela chuva no vertedouro da barragem, além de grande erosão de terra nas bordas da barragem. Para Sirléa, a barragem da Caatinga está em risco de romper-se a qualquer minuto.
As barragens de rejeito de mineração também foram tema de debate entre os membros da CCR Alto São Francisco. Ronald Guerra, membro da CCR, apresentou as barragens de rejeito na região do Alto Rio das Velhas, importante afluente do Rio São Francisco e o risco que elas representam para as duas bacias. “Precisamos evitar um novo acidente como o de Brumadinho. De acordo com dados da Feam [Fundação Estadual do Meio Ambiente] existem 69 barragens que estão localizadas no Alto Rio das Velhas, sendo que 16 estão sem garantia de estabilidade e parte delas, se se romperem, pode comprometer o abastecimento da capital e da Região Metropolitana de Belo Horizonte”, disse Ronald Guerra.
Assessoria de Comunicação CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
Texto: Luiza Baggio
Foto: Luiza Baggio