Evento aconteceu em São Paulo, junto com o XXII Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas, e também com o XXIII Encontro Nacional de Perfuradores de Poços
A diminuição da disponibilidade de água no planeta e o risco da escassez vêm chamando, cada vez mais, a atenção da sociedade para a importância do tema. O setor produtivo tem sido um dos mais impactados, pois depende diretamente da água para produzir. Compete então ao setor técnico debater sobre tecnologias e ações de conscientização que aumentem a oferta de água no Brasil, transformando em visível algo que é invisível e incompreendido pela maior parte da sociedade, que desconhece a sua importância e a necessidade de preservar e proteger os aquíferos para que essa fonte de água esteja sempre disponível. Este foi o objetivo do evento, que trouxe como tema central “Águas subterrâneas: invisível, indivisível e indispensável”.
Realizado entre os dias 02 e 05 de agosto, no espaço Arca, localizado na Vila Leopoldina, em São Paulo, o congresso, organizado pela ABAS – Associação Brasileira de Águas Subterrâneas, ocorre no momento em que as águas subterrâneas são as “homenageadas” do ano pela UNESCO, e contou com a participação do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF).
De acordo com o secretário do CBHSF, Almacks Luiz, é importante que o Comitê participe de eventos como esse. Segundo ele, “o Comitê não pode ficar de fora da discussão sobre águas subterrâneas. Sabemos que 60% dos municípios brasileiros são abastecidos por águas subterrâneas. As empresas/concessionárias de saneamento preferem, pois a qualidade é melhor, e demanda menos tratamento do que a água superficial. Além disso, desenvolvemos um trabalho sobre o aquífero Urucuia, de extrema importância para o rio São Francisco, e que está impactado pela perfuração de poços, sem outorgas e desorganizadamente. As águas subterrâneas são de competência estadual e, assim sendo, o Urucuia é gerido por três estados – MG, GO e BA – cada um com sua legislação, o que dificulta o monitoramento”.
O estudo, denominado Entendimento da utilização das águas na área de influência do Aquífero Urucuia e Aquífero Cárstico na Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, pretende contribuir para a sustentabilidade da região do Urucuia e foi apresentado em palestra realizada no dia 05/08, pela coordenadora técnica da Agência Peixe Vivo (APV), Flávia Mendes. Demandado pela Câmara Técnica de Águas Subterrâneas – CTAS, do CBHSF, os resultados do trabalho, concluído no início deste ano, vão subsidiar as ações da Câmara e do Comitê.
Para Flávia, “o XXII Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas e a Feira Nacional da Água – Fenágua 2022, foi uma excelente oportunidade para compartilhar com o meio acadêmico e profissional o processo de desenvolvimento deste trabalho, os resultados alcançados e as propostas de ações futuras. O processo envolveu o levantamento e a análise de imagens de satélite, visando o mapeamento do uso das águas do aquífero Urucuia, na região do Oeste Baiano, onde há predomínio do uso da água pelo setor agrícola. Além disso, para a determinação da disponibilidade hídrica, foi realizada a modelagem hidrológica de bacias hidrográficas afluentes ao rio São Francisco, com o emprego do Modelo de Grandes Bacias (MGB) IPH-UFRGS. Na etapa final foram realizadas propostas e encaminhamentos para ações futuras”, explicou.
Confira mais fotos da participação do CBHSF na Fenágua 2022:
O CBHSF também marcou presença com um estande, cujo objetivo foi apresentar aos visitantes as ações realizadas pelo Comitê em defesa da bacia do São Francisco. Foram distribuídas publicações informativas como edições do Jornal Travessia e da campanha ‘Eu viro carranca para defender o Velho Chico’. Dessa forma, os participantes puderam obter informações sobre os projetos de recuperação hidroambiental realizados pelo CBHSF na bacia, entre as várias outras ações desenvolvidas.
Ainda sobre o evento, o secretário Almacks Luiz acrescentou que mesmo o CBHSF sendo o único Comitê presente na Feira, com um estande, não houve convite, por parte da organização do Congresso, para a participação do colegiado na solenidade de abertura do evento.
Representando o CBHSF, estiveram presentes, além do secretário Almacks Luiz, o coordenador da Câmara Técnica de Águas Subterrâneas, Almir Cirilo, e a também membro da CTAS, Jaqueline Chaves da Silva. Para Cirilo, “faz parte das atividades do Comitê a integração com as ciências, com os órgãos técnicos e com as empresas que trabalham no setor. O Comitê é um dos poderes da governança das águas no país. Sendo assim, precisamos nos integrar aos eventos nacionais e regionais. E por isso estamos aqui, representando o CBHSF neste evento”.
Sobre o estudo do aquífero Urucuia, Cirilo destacou: “o Comitê escolheu o Urucuia por sua importância e indícios de maior vulnerabilidade. O estudo foca no uso da água para irrigação, pois a recarga dos aquíferos se forma ao longo de décadas e a extração, ao contrário, é muito rápida. Em dez anos de captação, um aquífero pode ir à ruína. Utilizamos o imageamento nas regiões para identificar as culturas em larga escala e obtivemos resultados importantes. Dentre as proposições, obviamente uma delas é aumentar o monitoramento. Outro ponto importante é a realização de uma campanha de comunicação sobre águas subterrâneas – elas precisam se tornar visíveis, são pouco conhecidas pela sociedade”.
A programação do evento contou com conferências e debates com temas como: Cidades e Águas Subterrâneas; Grandes aquíferos brasileiros; Águas subterrâneas e mineração; Aquíferos cársticos e os desafios para uma exploração sustentável; O que muda na perfuração de poços no Brasil com o Novo Marco Regulatório do Saneamento e a Portaria do Ministério da Saúde 888 de Potabilidade da Água.
Assessoria de Comunicação do CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Mariana Martins
*Fotos: Mariana Martins e Flávia Mendes