Evento contribuiu para ampliar o debate sobre a gestão das águas, seus desafios e perspectivas.
Aconteceu nesta sexta-feira, 20, em Salvador, o Seminário Inovação da Gestão Ambiental e de Recursos Hídricos da Bahia, realizado pela Secretaria do Meio Ambiente do Estado da Bahia (Sema) e pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema). O evento, que contou com a participação do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), promoveu uma ampla discussão e troca de conhecimentos sobre pautas estratégicas para a gestão ambiental e das águas. O encontro marcou o encerramento do Programa de Desenvolvimento Ambiental (PDA Bahia), iniciativa inserida na estratégia política do Governo da Bahia, em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), para modernizar e aprimorar o Sistema de Gestão Ambiental e de Recursos Hídricos do Estado.
Na programação, destaque para a palestra Panorama da Gestão Ambiental e de Recursos Hídricos com o Secretário Estadual de Meio Ambiente, Geraldo Reis, o Presidente do CBHSF, Anivaldo Miranda, e o economista e professor Ladislau Dowbor.
“Temos que reafirmar a necessidade de construirmos pactos, incorporando diferentes agentes nas decisões. O Seminário é importante ao promover uma reflexão que vai além da apropriação das ferramentas, das tecnologias. Isso não é uma opção técnica; é, às vezes, também, uma opção ética e política”, disse Reis. Sobre o PDA, ele disse que a sensação é a de dever cumprido.
O presidente do CBHSF, Anivaldo Miranda, frisou que estamos vivendo uma extrema crise climática e, consequentemente, hídrica, chamando atenção para a necessidade do uso racional das águas e da gestão descentralizada. Ele reforçou, também, a importância de instrumentos de gestão – a exemplo do enquadramento dos rios, do sistema de outorga confiável, do fortalecimento dos comitês e da gestão integrada de águas superficiais e subterrâneas – para a mudança de cenário e sustentabilidade hídrica.
“A crise de escassez das águas é, sobretudo, uma crise de gestão. O meio ambiente e os recursos hídricos são um instrumental estratégico para o desenvolvimento, mas, infelizmente, a política ambiental não é prioridade no Brasil. Precisamos discutir matrizes que dizem respeito à água e energia, transporte, entre outras, que pouco aparecem em campanhas eleitorais”, defendeu.
Miranda reforçou, ainda, a importância do São Francisco, que deve ser compreendido em todas suas dimensões (econômica, social, cultural, política, ambiental): “o rio é vida; impacta várias populações e formas de vida; é a vida de um ribeirinho, tem alma”. Além disso, abordou o compromisso do CBHSF com os Pactos das Águas e da Legalidade, propondo uma mudança de comportamento.
A preocupação com o futuro ambiental, com destaque para a questão hídrica no país, encontra eco na fala de Ladislau Dowbor. Para ele, a água é um poderoso vetor estruturante da sociedade, uma vez que é naturalmente multiuso e indispensável a diversos setores. “Isso nos obriga a repensar o processo decisório. Tem que se conhecer a realidade, gerar sistemas participativos de consulta, dialogar com a população. Estamos destruindo o meio ambiente. Precisamos nos organizar como sociedade civilizada para mudar isso”.

Escute a palestra do presidente do CBHSF na íntegra:

O evento
Além da experiência e avaliação do PDA Bahia, para além da tecnologia, outros temas debatidos em mesas temáticas, foram: Tecnologia em favor de uma gestão ambiental moderna e Panorama da Gestão de Águas. Este último contemplou painéis sobre planos de bacias hidrográficas, monitoramento quali-quantitativo de recursos hídricos, cobrança do uso de água, entre outros.
Também estiveram no evento nomes como Annette Killmer, consultora de Operações de Desenvolvimento Sustentável do BID; Márcia Telles, Diretora Geral do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) e Eduardo Topázio, Diretor de Águas do Inema.
Finalizando o Seminário, Elba Alves, Diretora de Política e Planejamento Ambiental da SEMA, falou sobre cobrança da água, e de como essa medida induz o comportamento do usuário, sendo peça-chave para a gestão e para a sustentabilidade dos recursos hídricos.
Confira as fotos do seminário:

*Texto: Andréia Vitório
*Fotos: Manuela Cavadas