A primeira Oficina de Usos Múltiplos das Águas do Rio São Francisco foi aberta na manhã desta segunda-feira, dia 6 de maio, no município de Paulo Afonso, no oeste baiano, com a presença de representantes de diversos segmentos que dependem do rio para sobreviver ou desenvolver suas atividades. Na abertura do encontro, o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica Rio São Francisco – CBHSF, Anivaldo Miranda, ressaltou a necessidade de “pensarmos soluções para que os diferentes usos sejam respeitados e discutirmos estratégias para gerenciar os conflitos, porque eles já existem e vem aumentando”.
O evento, que acontece no Hotel Belvedere, no Centro da cidade, terá duração de dois dias. Os trabalhos estão sendo conduzidos pelos mobilizadores Rosana Garjulli e Francisco Carlos Bezerra, com grande experiência nessa área. Eles atuarão ainda nas duas outras oficinas a serem promovidas pelo CBHSF: em Penedo (AL), nos dias 9 e 10 de maio, e em Juazeiro (BA), nos dias 21 e 22 de maio.
Em seu pronunciamento, o presidente Anivaldo Miranda evidenciou o momento extremamente oportuno de se discutir os diferentes usos das águas do São Francisco: “Temos que lembrar que a população brasileira aumenta, exigindo maior demanda hídrica, e a região Nordeste tem um crescimento maior do que a média nacional, apesar de só contar com 3% da disponibilidade da água doce do nosso país”, disse, lembrando que discutir sobre os diferentes usos é fundamental para se evitar conflitos que o próprio aumento de demanda pressupõe.
E são conflitos de diversas ordens. Um dos mais graves diz respeito à questão ambiental, segundo Anivaldo Miranda. “O meio ambiente é pouco levado em conta. Há uma visão que minimiza as consequências na biota. E é preciso lembrar que o rio São Francisco é um ecossistema. Esses aspectos ambientais precisam ser lembrados e valorados”.
Observando que “os usos múltiplos têm que ser trabalhados na perspectiva da sua harmonização”, o presidente conclamou os participantes do encontro – foram convidados para a oficina companhias de hidroeletricidade, empresas públicas de abastecimento de água, indústrias, mineradoras, irrigantes, navegadores, pescadores, piscicultores, indígenas, quilombolas, entre outros – a encontrarem caminhos para a boa convivência, respeitando as necessidades de todos e não apenas as de um ou outro segmento.
Finalmente, o presidente chamou a atenção para a diminuição nas vazões dos reservatórios de Sobradinho (BA) e Xingó (SE) autorizada pela Agência Nacional de Águas – ANA. Segundo Anivaldo, esse é um caso típico de não observância das consequências para os diferentes usos das águas do rio: “A demanda foi colocada pelo setor elétrico, sob uma base técnica que não nos convenceu. O resultado é que a redução para 1.100m3/seg extrapola o mínimo permitido e vai gerar problemas de toda a ordem. O Comitê tem alertado e vai continuar se posicionando para minimizar os efeitos da decisão sobre setores como a navegação e a agricultura, por exemplo”.
ASCOM – Assessoria de Comunicação do CBHSF