O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco – CBHSF ministrou sua quinta e última Oficina de Usos Múltiplos com discussões calorosas que objetivaram mediar os conflitos existentes entre os diversos segmentos envolvidos na bacia. O evento que ocorreu na última segunda-feira (10.06) na cidade de Três Marias, localizada no estado de Minas Gerais, no Alto São Francisco, contou com a participação do presidente do CBHSF, Anivaldo Miranda, e de instituições federais e estaduais.
A oficina começou com o discurso do presidente, que, em sua fala, revelou a importância de trazer o encontro para Três Marias, principalmente por estar situada no Alto São Francisco, segundo ele, “a caixa d`água do Brasil”. De acordo com Anivaldo Miranda, “para que consigamos ter um futuro melhor para o Velho Chico é preciso ter um olhar voltado para a situação econômica, social e, principalmente, ambiental do rio. Nós somos os atores principais para mudar isso”, disse, salientando a legitimidade de todos os usos na bacia, uma vez que “a água é um bem comum de todo brasileiro”.
Em seguida, o coordenador da Câmara Consultiva do Alto São Francisco, Márcio Tadeu Pedrosa, elogiou a grandeza das discussões que vêm sendo realizadas nas oficinas promovidas pelo CBHSF e reafirmou a solidariedade do povo de Minas Gerais à população ribeirinha do Baixo e Médio São Francisco, após redução das vazões das barragens de Sobradinho e Xingó, acarretando prejuízos ambientais principalmente aos estados da Bahia, Alagoas e Sergipe. “Encaminhamos um documento, por meio da CCR Alto, externando a nossa preocupação com a situação humana e ambiental dessas regiões”, afirmou.
O prefeito de Três Marias, Vicente Resende, acentuou durante o encontro que “todos estamos prontos para contribuir, de forma efetiva, com a melhora do popularmente conhecido rio da integração nacional” e reforçou: “Poderíamos passar a chamá-lo de rio da riqueza nacional”, disse, enumerando as virtudes do São Francisco.
Já o diretor de Meio Ambiente da Companhia de Saneamento de Minas Gerais – Copasa, Tilden Santiago, destacou os trabalhos de esgotamento sanitário que estão sendo efetuados pela instituição nos municípios mineiros e reiterou a importância de se discutir usos múltiplos. “Essa oficina é uma grande iniciativa do CBHSF. Reunir as principais opiniões de quem realmente usa o São Francisco é um passo muito grande rumo à sua revitalização”, frisou.
A Companhia Energética do Estado de Minas Gerais – Cemig, por intermédio do engenheiro da entidade, Marcelo de Deus, fez uma apresentação, a convite do CBHSF, traçando um panorama acerca do Usina Hidrelétrica de Três Marias, referencia para a região. O técnico ressaltou a importância energética da usina não só para os municípios do seu entorno, mas também para a região nordeste do país. “Estamos aqui para conservar e renovar os recursos hídricos”, disse.
Corroborando com o discurso do presidente do Comitê do São Francisco ao legitimar todos os usos da bacia, o engenheiro achou louvável o fato de o CBHSF abrir espaço para uma discussão tão importante: “O Comitê é o fórum adequado para se discutir os usos múltiplos”.
Garantia de usos múltiplos no Alto São Francisco
Pela parte da tarde, as atividades se concentraram na apresentação do consultor do CBHSF, o hidrólogo Pedro Molinas, que explanou sobre os diversos usos e impactos – hidroenergia, agricultura irrigada, piscicultura, navegação – na bacia do São Francisco, principalmente no que diz respeito à localidade de Três Marias. “ Uma coisa é o São Francisco antes dos reservatórios e a outra é após o aparecimento deles”, fazendo alusão aos problemas que a represa de Três Marias representa para o ambiente aquático da região.
Ao final, foi sugerido, por parte do público, melhorias no que diz respeito à garantia dos usos múltiplos no São Francisco. Entres as medidas apresentadas está a recomposição de mata ciliar, educação ambiental para os moradores locais, cercamento de nascentes, adequação de estradas rurais, reprodução de peixes nativos, entre outras medidas.
Para o presidente do CBHSF, “a reunião foi muito positiva, contribuindo para que possamos chegar a um acordo comum dos usos múltiplos das águas”. O próximo passo da entidade é criar uma deliberação formal do colegiado acerca dos assuntos que foram tratados nos encontros realizados, para que, assim, seja incorporada a revisão do Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, documento norteador das ações na bacia.
Além de Três Marias, a Oficina de Usos Múltiplos ocorreu em Paulo Afonso, na Bahia (6 e 7/5); em Penedo, em Alagoas (9 e 10/5); em Juazeiro, na Bahia (21 e 22/5); e em Barreiras, também na Bahia (07.06).
ASCOM – Assessoria de Comunicação do CBHSF