O projeto de recuperação hidroambiental na bacia do Rio Curituba, no município de Canindé, em Sergipe, foi entregue nesta quarta-feira (3 de julho), após 36 meses de execução e um investimento de aproximadamente R$ 2,5 milhões por parte do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF). Na execução do projeto foram construídas 155 barraginhas, 14 quilômetros de cercas e recuperação de 23 hectares de áreas degradadas, plantio de 19 mil mudas nativas da caatinga, construção de bacias de contenção, entre outras intervenções.
O objetivo geral do projeto é promover a recuperação de áreas de reserva legal e de preservação permanente (APPs) no entorno de nascentes e cursos d’água na sub-bacia hidrográfica do Rio Curituba, a fim de regularizar a produção de água, promover equilíbrio ambiental e uso sustentável dos recursos naturais. Apesar de intermitente, o rio Curituba tem grande importância para a região. A conservação desse rio que nasce em Jeremoabo (BA) e tem a sua foz em Canindé, representa benefícios no desenvolvimento das atividades socioeconômicas e ambientais das populações ribeirinhas.
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O presidente do Comitê, Anivaldo Miranda, participou do seminário final do projeto e ressaltou a disponibilidade do colegiado em investimentos desse tipo no âmbito da bacia do chamado rio da integração nacional. “É preciso lutar pela preservação da água, essencial para a vida”, conclamou Miranda. Na sua fala, na sede da Associação Comunitária do Povoado Curituba, Anivaldo Miranda ressaltou a importância de os beneficiados terem o pertencimento do seu local. “O projeto que está sendo entregue hoje não é do Comitê, não é de um ou de outro. O projeto é de todos. Evidentemente que o Comitê não irá abandonar, assim como não abandonou nenhum outro que realizou, mas cada um de vocês é fundamental na preservação do investimento feito aqui”, reforçou Miranda.
O vice-presidente do CBHSF, Maciel Oliveira, ressaltou a determinação da diretoria do Comitê em apoiar os projetos oriundos das comunidades ribeirinhas. “Por isso, realizamos projetos não apenas no Baixo São Francisco, mas em toda a bacia”, disse. O coordenador da Câmara Consultiva Regional (CCR) do Baixo, Honey Gama, reforçou a necessidade do pertencimento da comunidade beneficiada. “Tenham consciência disso. Esse projeto é da comunidade”, destacou Gama. Membro do CBHSF, Marcelo Ribeiro deu uma ideia que representa tanto preservação de espécies como geração de renda para a comunidade. “Sugiro que seja agregada a cultura das plantas medicinais, pois haverá uma farmácia viva à disposição de todos”, disse.
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Durante a solenidade de entrega do projeto, o coordenador do escritório regional do Sebrae no Alto Sertão, Luís Nakanishi, anunciou a disposição do órgão em apoiar ações que contribuam para a manutenção da comunidade beneficiada. “O Sebrae poderá oferecer cursos de formação para os agricultores instalados nessa comunidade do Curituba, que podem aumentar a renda da comunidade”, anunciou. A representante do prefeito de Curituba, Tânia Monteiro, aproveitou para lembrar que o município é modelo no Pagamento de Serviços Ambientais (PSA). “Esse é o diferencial aqui em Curituba e na próxima semana será paga a primeira parcela anual do programa, de aproximadamente R$ 23 mil para esses agricultores”, informou ela.
O PSA é um incentivo pago pelo município para os agricultores que mantém e preservam nascentes na sua região. O projeto contou com o apoio do Ministério Público Estadual de Sergipe e foi premiado nacionalmente em um evento promovido pelo MP. As parcelas são liberadas semestralmente e obedecem a algumas variantes, como área preservada e quantidade de nascentes conservadas.
Em agosto de 2017, o projeto agora entregue foi um dos vencedores da 5ª edição do Prêmio CNMP, promovido pelo Ministério Público Federal (MPF). Denominado Nascentes do São Francisco: o MP salvando rios, a iniciativa no Curituba ficou em primeiro lugar na categoria “Transformação Social” e foi demandado pelo Ministério Público de Sergipe, através da promotora de Justiça Allana Rachel Monteiro Costa. O Prêmio CNMP foi criado para dar visibilidade aos programas e projetos do Ministério Público de maior destaque na concretização dos objetivos do Planejamento Estratégico Nacional do MP.
O projeto concluído em Curituba foi executado pela empresa GOS Florestal. O engenheiro agrônomo Alessandro Vanini apresentou os resultados finais. “Tivemos todo o cuidado na escolha das espécies plantadas e, para isso, utilizamos angelim, angico, aroeira do sertão, umbuzeiro, catingueira, entre outros”, disse. O proprietário da fazenda Eco Novo Mundo, José Augusto, relatou o seu desejo em ver, num futuro breve, uma imensa e preservada plantação de aroeira. “Porque é a árvore símbolo do semiárido e tem um rápido crescimento”, defendeu José Augusto.
Assessoria de Comunicação CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Delane Barros
*Foto: Edson de Oliveira