CBHSF entrega 80 cisternas familiares de água para consumo em Macaúbas (BA)

20/06/2022 - 16:15

O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) entregou, em maio deste ano, 80 cisternas familiares de água para consumo no município de Macaúbas (BA), no Médio São Francisco. O projeto “Colhendo água de chuva e resgatando a cidadania da população do semiárido na bacia do Paramirim” foi elaborado pela Associação do Semiárido da Microrregião de Livramento (ASAMIL) e contemplado pelo Chamamento Público CBHSF N° 02/2019, voltado para a sustentabilidade hídrica no semiárido. O seminário de encerramento aconteceu na sede da Associação de Curralinho de Santo Antônio e reuniu cerca de 120 pessoas.


As famílias contempladas foram definidas pela Associação dos Agricultores Familiares e Aposentados de Macaúbas (AAFAM) de acordo com maior necessidade e com estrutura adequada para o funcionamento das cisternas. A expectativa é que aproximadamente 400 pessoas sejam diretamente beneficiadas, entre moradores dos distritos de Curralinho Santo Antônio, Curralinho São Sebastião e Canto. As cisternas foram instaladas ao lado das casas e possuem capacidade de armazenar 16 mil litros de água potável.

Leidilene dos Santos Silva, agente comunitária de saúde, participou do seminário de encerramento como representante dos beneficiários e destacou a importância do projeto: “muitas famílias já fazem uso da água da chuva guardada em baldes e outras formas improvisadas e sabem a melhoria na qualidade de vida que as cisternas representam. Além disso, o processo foi abraçado pela comunidade, que estabeleceu boas relações com os pedreiros responsáveis pelas construções, que se tornaram nossos amigos”.

Gilberto Agostinho, presidente da Associação Comunitária do Canto, mediou a cerimônia que simbolizou o encerramento de um ciclo: “décadas atrás nós ainda tínhamos algumas nascentes na região, que pela degradação ambiental não existem mais. Nos últimos dez anos, a população tem acesso basicamente à água de poços artesianos, que é uma água muito salgada, ou fica dependente dos caminhões-pipa. No ano passado, a Associação cadastrou 156 famílias sem acesso à água potável, mas o número na região é muito maior. Nesse contexto, as cisternas se tornam um bem precioso e esperamos que a entrega de hoje seja sucedida por outros projetos que queremos desenvolver”.

Agostinho celebrou, ainda, a parceria com o CBHSF, que financiou a construção das cisternas com recursos advindos da cobrança pelo uso da água na Bacia do Rio São Francisco. Ednaldo Campos, coordenador da CCR Médio São Francisco, em sua fala no seminário de encerramento, observou que os projetos para sustentabilidade hídrica estão entre as prioridades da instituição: “desde 2020, oito projetos piloto foram concluídos ou estão em andamento, totalizando mais de R$8 milhões em investimentos. Pesquisas mostram que as cisternas contribuem para o desenvolvimento sustentável de forma simples e eficiente, incluindo o beneficiado e aumentando, inclusive, a autoestima dos homens e das mulheres do campo”. Campos assegurou novos investimentos para contemplar mais famílias e falou sobre o programa de implantação de fossas ecológicas que o CBHSF está desenvolvendo.



A coordenadora da Defesa Civil de Macaúbas, Edinaide Oliveira, ao comentar a entrega das cisternas, contou que sua família é do distrito do Canto, mas que decidiram se mudar para a sede devido aos problemas de abastecimento de água: “minha família morava no final da rede e tinha que levantar às 4 horas da manhã para conseguir água, então eu sei exatamente o que significa esse benefício e o quanto ele pode ser transformador para a comunidade”.

A empresa responsável pela construção das cisternas foi a Construtora Joamar Ltda, que também promoveu três oficinas de capacitação e gerenciamento de recursos hídricos para a população local. Mário Silva Souza, representante da Joamar, relembrou o seminário de abertura do projeto, que aconteceu em dezembro de 2021 no mesmo local: “quando estivemos na sede da Associação pela primeira vez, encontramos muitos moradores desacreditados quanto ao prazo de execução do projeto, mas naquele dia nós firmamos um compromisso e logo após a equipe técnica já estava encaminhada. Alugamos uma casa para o escritório da equipe, outra casa para os pedreiros e o trabalho começou imediatamente. Foram seis meses de convivência com uma população muito acolhedora e que possibilitou a troca de vários saberes”.

A necessidade de ações de educação ambiental de forma complementar à construção das cisternas foi abordada pelo gerente da Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão Rural (BAHIATER), Lindolfo Santos. “É fundamental que os moradores valorizem, de fato, o benefício que está sendo entregue pelo CBHSF e cuidem, além da cisterna que vai armazenar a água da chuva, das matas, da floresta, para que os córregos e riachos das comunidades dessa região possam renascer”, declarou.

O representante da ASAMIL, em sua participação no evento de encerramento, também destacou a importância da educação ambiental para a sociedade civil: “é necessário que as pessoas preservem cada riacho que passa no quintal das suas casas, que se conscientizem de que esse riacho contribui para o rio Paramirim, que por sua vez contribui para o rio São Francisco, e que essa água preservada e bem gerida retorna para a própria população, através dos recursos reinvestidos na Bacia”.

Durante o seminário de encerramento e nos dias seguintes à cerimônia, um caminhão pipa abasteceu parcialmente as cisternas para que fossem entregues sem riscos de rachaduras. Ao final do evento, os presentes participaram de um café de confraternização.



Assessoria de Comunicação do CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Mariana Carvalho
*Fotos: Construtora Joamar Ltda