“Estamos a ponto de fechar as nossas portas”, alertou a representante do Comitê de Bacia dos Rios Jequitaí e Pacuí, Sirléia Márcia, durante encontro realizado em Belo Horizonte pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco para discutir sobre a situação de calamidade vivida pelo Estado de Minas Gerais em decorrência da seca. Na pauta da reunião, que mobilizou alguns dos principais comitês do estado, medidas emergenciais de infraestrutura e alerta para a necessidade de mais recursos para as CBHs puderem continuar o seu trabalho.
A reunião ocorreu no dia 14 de junho no auditório do Hotel Normandy e foi aberta com uma triste constatação: cerca de 100 municípios mineiros encontram-se em situação de emergência por causa da estiagem prolongada. “Hoje estamos convivendo com a total falta de água nos rios tributários “, afirmou Delvane Maria Fernandes, que coordena as ações do Comitê na regional do Alto São Francisco. Ela lembrou que comportamentos e atividades prejudiciais ao meio ambiente, como desmatamento, só fazem piorar a situação, que requer medidas emergenciais, mas também – e principalmente – estruturantes.
O objetivo do Comitê é aplicar os cerca de R$ 20 milhões arrecadados anualmente pela cobrança pelo uso das águas do rio São Francisco em projetos de recuperação hidroambiental da bacia. São projetos destinados a saneamento e recuperação das nascentes, por exemplo, visando com isso preservar o rio, dotando-o de maior capacidade para enfrentar períodos de seca.
Esse foi o segundo encontro promovido pelo CBHSF para discutir os problemas provocados pela seca ao longo da bacia. O primeiro aconteceu em Juazeiro, na Bahia, no mês de maio, e contou com a participação dos comitês dos afluentes do São Francisco da Bahia, Pernambuco e Alagoas.
O encontro mineiro teve a presença de José Machado, assessor especial do ministro da Integração, Fernando Bezerra. Sensibilizado, ele prometeu levar ao chefe da pasta as reivindicações colocadas na reunião. “Comprometo-me a levar todos esses questionamentos, sugestões e ideias de melhoria ao ministro”, disse o assessor, lembrando, contudo, que cabe aos comitês desenvolverem o seu poder político para se fazer ouvir e terem maiores chances de obter apoios. “Temos que trabalhar para transformar a pauta em uma agenda efetiva”, completou.
Participaram ainda do evento, representantes dos comitês afluentes do entorno da Represa de Três Marias; dos Rios Jequitaí e Pacuí; Pará; Paracatu; Verde Grande e os Afluentes Mineiros do Médio São Francisco.