A Caatinga, apesar de ser um bioma resistente à escassez de chuvas do Semiárido, vem morrendo a cada dia. Tal problema traz inúmeras consequências ambientais e sociais à região semiárida e, em alguns casos, a conduz a um processo severo de devastação e até desertificação – problema já sinalizado por diversos estudos da comunidade acadêmica e que chama a atenção de toda a sociedade.
De acordo com a Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos das Secas (UNCCD) realizada pela Organização das Nações Unidas (ONU), o problema da desertificação no Brasil e em diferentes países do mundo é resultado de uma combinação de vários fatores naturais e sociais, que causam a degradação de solos e mananciais aquíferos, principalmente nas áreas semiáridas, sub úmidas secas e áridas.
Diante dessa problemática e da histórica falta de políticas públicas específicas para cada região, ações que ajudem a reflorestar a Caatinga e outras áreas ameaçadas assumem importância capital para o futuro da agricultura e da biodiversidade do nosso país. Pensando nisso, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) vem executando uma série de ações para a diminuição do impacto da ação descontrolada das populações no Território de Irecê (um dos mais atingidos pelo desmatamento no Estado da Bahia) e de outras áreas ao longo do Rio São Francisco.
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Nesta quinta-feira, 06, por exemplo, a Câmara Consultiva Regional (CCR) Médio São Francisco em parceria com a Prefeitura Municipal de Lapão, entregou o Termo de Referência para a construção de um viveiro de mudas nativas para a região. O viveiro, que funcionará numa área de 9 mil metros quadrados, terá capacidade de produzir 241 mil mudas anualmente e contará com uma equipe multidisciplinar para o manejo das mudas e correto replantio nas áreas mais degradadas.
Resultado de um investimento de quase um milhão de reais o viveiro nascerá como referência, uma vez que será um dos maiores projetos de reflorestamento de todos os 19 municípios do Território de Irecê. De acordo com Ednaldo Campos, coordenador do CCR Médio São Francisco, o viveiro é um investimento que resulta de uma luta mais de duas décadas na região. “Desde 1997 nós temos discutido e atuado na área ambiental do município de Lapão. Já naquela época a gente trabalhava produzindo mudas. Inclusive, o município já tem uma tradição na produção de mudas, por isso conseguimos implementar esse projeto aqui”, esclareceu Campos.
Para o secretário de Meio Ambiente de Lapão, Raul Cézar, o viveiro de mudas tem uma importância muito grande para a cidade, já que ultrapassa a produção de mudas em si, se transformando num lócus privilegiado para a multiplicação de pesquisas e novos conhecimentos. “Um viveiro não é só um viveiro. Ele é um centro de pesquisa e de desenvolvimento”, defendeu o secretário.
De acordo com o prefeito de Lapão, Ricardo Rodrigues, o novo projeto demonstra o quanto o CBHSF tem se apresentado como grande parceiro na construção de ações sociais e ambientais importantes em Lapão. Segundo ele, o novo viveiro de mudas é mais uma das intervenções positivas da CCR Médio para a população do município. “É uma grande alegria para mim estar aqui vendo nascer mais esse grande projeto, que é um viveiro de mudas que funcionará e fortalecerá o nosso parque e a nossa cidade”, afirmou Rodrigues.
Para o responsável técnico pelo termo de referência, Jeanderson Silva, engenheiro da empresa de consultoria ambiental SANEAMB, a previsão é que o viveiro ainda leve mais cinco meses para ser construído e iniciar seu funcionamento. De acordo com Silva, o projeto ganha ainda mais importância na atual realidade das políticas ambientais no Brasil. “Hoje nós vemos a dificuldade em conseguir recursos para a área ambiental, e aqui o Comitê consegue mobilizar esse grande aporte e esse grande projeto para vocês”, pontuou.
Assessoria de Comunicação CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Henrique Oliveira
*Fotos: Henrique Oliveira