Sob forte impacto da ação humana e a preocupação de uma tragédia iminente, o Riacho Vitória, afluente do rio São Francisco, que corta o município de Petrolina – PE e tem sido discutido intensamente desde a solicitação da 3ª Procuradoria da Justiça do Ministério Público ao Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), recebeu a primeira expedição para conhecimento dos problemas que afetam a área.
A Expedição Riacho Vitória contou com membros do grupo de trabalho instituído no âmbito do Ministério Público para viabilizar soluções efetivas. Foram percorridos cerca de 14 km de extensão do Riacho dentro do Projeto Irrigado Nilo Coelho.
Em março deste ano, a empresa Água e Solo, contratada pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, após análise de documentos entregues pelo Ministério Público, fez recomendações sobre um projeto apresentado pelo município para solucionar problemas no riacho que é o destino final para parte do esgoto irregular da cidade e despejo de agrotóxicos conforme indicado em estudo realizado pelo próprio município. A situação se agrava durante os períodos de chuva quando a água consumida pela população tem mudança na cor e no sabor, embora de acordo com a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), a água esteja dentro dos padrões previstos. No entanto, de acordo com o MP, o problema pode se transformar em um desastre ambiental considerando, entre outros fatores, a ocupação irregular ao longo do leito do riacho.
A promotora de Justiça, Rosane Cavalcanti explica o objetivo da expedição: “A ideia nasceu nas reuniões para revitalização do riacho Vitória, de um procedimento que existe há anos no Ministério Público de Pernambuco em razão das mais variadas infrações ambientais no curso urbano. Então resolvemos reunir parceiros para conhecer, nessa expedição, os problemas de perto desde o seu nascedouro até a foz. Trata-se de um trabalho muito importante reunindo a visão de vários órgãos, e esperamos colher muitos frutos dessa expedição”.
O Gerente Executivo do projeto irrigado, Paulo Sales, explicou que a primeira parte expedição aconteceu dentro do projeto Nilo Coelho e uma nova etapa será realizada na área urbana. “Realizamos a missão de fazer a cobertura do trecho do riacho que percorre o projeto Nilo Coelho, cerca de 14 km feitos em três dias, e será realizada a segunda etapa que é o monitoramento na parte fora do distrito. Foi uma experiência extremamente importante, vimos aspectos que chamaram muito a atenção do grupo quanto à fauna e flora e demonstra que o riacho passando pelo Nilo Coelho está relativamente bem mantido, em condições sustentáveis. Este foi um momento importante por termos conseguido a adesão de várias instituições com interesse conjunto”.
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Representando o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, a professora da Universidade de Pernambuco e membro da Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco, Thais Guimarães, destacou que a expedição é um mecanismo para compreender os problemas do riacho Vitória. “O objetivo é fazer uma análise integrada da bacia do Riacho Vitória, entender o que está acontecendo desde a foz até a zona urbana. Por isso, a expedição contou com várias instituições, com biólogos, geógrafos, agrônomos, engenheiros florestais; uma série de pesquisadores com diversos olhares para facilitar o entendimento. Com isso, podemos fazer o cruzamento de dados de forma interdisciplinar e fazer um diagnóstico. E nesse sentido, destacamos a importância da presença do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, uma vez que o Riacho Vitória é um afluente do São Francisco e nesse momento acompanha o trabalho conjunto buscando resolver essa demanda que envolve a população de Petrolina e a qualidade das águas no município”.
Fazem parte do grupo de trabalho o CBHSF, Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), Prefeitura de Petrolina, Agência Municipal de Meio Ambiente, Agência Reguladora do Município de Petrolina (Armup), Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), Universidade de Pernambuco, Instituto Federal do Sertão, entre outros.
Assessoria de Comunicação do CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Juciana Cavalcante
*Foto: Juciana Cavalcante