Às margens do rio São Francisco, em Alagoas, está a histórica cidade de Penedo, também conhecida como a Cidade dos Rochedos. Esse foi o belo cenário do seminário “Baixo São Francisco – Paisagem e Patrimônio Natural”, entre 16 e 17 de maio.
Em contraste com toda a beleza que rodeia essa pequena cidade, as principais questões discutidas durante o evento foram os problemas que o Baixo São Francisco vem enfrentando e a possibilidade de tombamento da paisagem da foz do rio São Francisco.
Promovido pela Canoa de Tolda – Sociedade Socioambiental do Baixo São Francisco, em parceria com o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN e contando com o apoio do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco – CBHSF, o evento debateu as dificuldades que a região vem passando com a seca do rio; as transformações que a paisagem sofre ao longo do tempo e, a degradação do seu patrimônio natural.
Realizado nos dias 16 e 17 de maio, o evento aconteceu na Universidade Federal de Alagoas – UFAL. O público, formado por estudantes e professores da UFAL, além de representantes da sociedade civil e do IPHAN, se mostrou bastante interessado e comprometido com a busca de soluções para os problemas que vêm acontecendo no Baixo. “O rio está secando”, comentou, indignada, a estudante Talita Campos.
O evento começou com a palestra da socióloga Tânia Magno, da Universidade Federal de Sergipe – UFS,que fez uma reflexão e ressaltou a importância da vinculação da imagem com a identidade da paisagem. Segundo ela, as imagens permanecem vivas no imaginário, mesmo que de fato nunca tenham sido contatadas diretamente. Dessa maneira, cada indivíduo cria a sua própria imagem da paisagem e reflete sobre os cuidados e a preservação que se deve ter.
Em seguida, o diretor do Museu Nacional do Mar e Superintendente do IPHAN de Santa Catarina, Dalmo Vieira Filho,abordou o patrimônio naval brasileiro, com a discussão acerca dos tipos de embarcações – canoas, jangadas, saveiros – e suas representações, bem como a importância para o patrimônio natural e cultural do país, estabelecendo uma relação com o Baixo São Francisco.
Na mesma linha, o engenheiro Luiz Phelipe Andrés relatou sua experiência no Maranhão, na criação do Estaleiro Escola de São Luis, que capacita, estimula e valoriza a profissão dos construtores navais.
Com a palestra “Preservação do patrimônio cultural na foz do São Francisco”, a coordenadora de Paisagem Cultural do IPHAN, Monica de Medeiros Mongelli, falou sobre o inventário cultural do São Francisco, um levantamento destinado a mapear patrimônios materiais e imateriais no território da bacia. Conforme a palestrante, esse documento é essencialmente voltado para as políticas públicas e para a cultura em geral, valorizando todo o patrimônio em torno do rio. “O tema cultura tem que ter destaque nos principais debates nacionais, precisa-se ter a valorização do patrimônio cultural nas políticas públicas”, disse ela.
O representante do Ministério Público de Sergipe, promotor Eduardo Matos, descreveu em sua palestra o papel da educação ambiental, no âmbito jurídico, para o desenvolvimento e a preservação dos patrimônios naturais da bacia. Dessa forma, segundo ele, muitas pessoas irão se conscientizar de que a revitalização é extremamente necessária.
Por fim, o realizador do evento, Carlos Eduardo Ribeiro, representante da Canoa de Tolda e coordenador da Câmara Consultiva do Baixo São Francisco no CBHSF, abordou as questões relacionadas com a proposta de tombamento da foz do São Francisco, ressaltando a importância e o valor da iniciativa para conservar a paisagem cada dia mais valorizada e atraente para os olhos de quem vive e visita a região do Baixo. Segundo ele, a idéia é estender o tombamento ao longo de todo o rio São Francisco.
O seminário cumpriu o papel de alertar a população e os órgãos responsáveis pelo desenvolvimento do Baixo São Francisco para o fato de que hoje a situação é bastante crítica e que é necessário um comprometimento por parte de todos com a recuperação e a preservação desses recursos e belezas naturais.