Antônio Jackson recebe título de cidadão sergipano pela Assembleia Legislativa do Estado de Sergipe. Crédito: Carolina Leite
Natural de Alagoas e com um relacionamento direto de mais de seis décadas com o rio São Francisco, o ambientalista e membro do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Antônio Jackson Borges Lima, foi reconhecido como cidadão sergipano pela Assembleia Legislativa do Estado de Sergipe (Alese). A entrega do título foi formalizada na manhã desta quinta-feira, 8, em Sessão Especial no plenário legislativo.
O autor da propositura, o presidente da Alese e deputado Luciano Bispo, destaca o motivo de indicar o fundador do Museu Ambiental Casa do Velho Chico. “Ele é uma pessoa comprometida com o que temos de mais precioso, que é o rio São Francisco. É muito esforço e dedicação da sua vida ao Velho Chico. Quando visitei o Museu, questionei a Antônio Jackson se ele era daqui e ele me respondeu que era sergipano de coração. Foi quando decidi que iria indicá-lo ao título. Hoje, com muita honra, oficializo e ele se torna sergipano de fato e de direito”, afirmou o deputado.
Em discurso, Antônio Jackson retratou sua trajetória e buscou no escritor português Fernando Pessoa um forma de traduzir uma luta de 51 anos em defesa do Rio: “Navegar é preciso, viver não é preciso”. Ele explicou que, navegando nas águas do São Francisco, da foz à nascente e utilizando o sentido interpretativo duplo do poema, convive com a necessidade de navegar e a imprecisão dos inúmeros bancos de areia, trocando o direito de viver por uma luta determinada e necessária, cujos resultados são incertos.
“Vejo-me aqui recebendo a maior honraria da minha vida, apesar do coração já ser sergipano desde criança. Confesso que estou com medo de não corresponder ao espírito construtivo e patriota desta brava gente, cujo o slogan é: quem não é o maior, tem que ser o melhor. O Chico tem cantos e encantos, mas não tem voz, tem lamentos. Sua voz, obrigatoriamente, terá que ser a nossa”, concluiu o ambientalista, já como sergipano.
“Antônio Jackson é um homem que vive próximo ao rio, gosta e é dedicado à causa. Fico feliz por ver essa homenagem, que tem tudo a ver com Sergipe. É uma causa que beneficia não só Alagoas, mas todos os estados em que o rio passa, incluindo Sergipe, a região Nordeste e todo o Brasil. O museu que ele criou é algo que nos encanta e nos leva a refletir sobre os problemas que o rio enfrenta, sobre a sua importância e a necessidade de buscar recuperá-lo”, evidenciou o secretário de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh), Olivier Chagas, parabenizando a casa legislativa pela iniciativa.
O coordenador do Núcleo do Mini e Pequeno Produtor Rural e da Agricultura Familiar do Banco do Nordeste em Sergipe, Volnandy Brito, foi colega de trabalho de Antônio Jackson e conta que o conhece há 36 anos. Segundo ele, o membro do Comitê sempre teve o mesmo amor, carinho e cuidado com o Velho Chico. “Quando o conheci, o Rio tinha uma dimensão ainda maior e ele já estava lutando pela preservação desse bem natural. Essa homenagem é grandemente merecida porque o amor que ele tem pelo Velho Chico é a mais pura verdade. Inclusive, no próximo dia 16, ele será homenageado novamente, desta vez, com o título de cidadão Gararuense pela Câmara Municipal”, destacou.
Cidadão sergipano
Antônio Jackson Borges Lima, 72 anos, é natural de Igreja Nova (AL), município a 45 km do rio São Francisco, ambientalista, pescador e barranqueiro. O membro do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) iniciou seu relacionamento com o Velho Chico em 1967, quando foi trabalhar no município de Pão de Açúcar (AL), situado às margens do rio. Mas, a sua preocupação com o consumo da água e a preservação do local vem desde a infância, quando recolhia tudo o que poluía as águas do Velho Chico.
Antônio Jackson também é o idealizador Museu Ambiental Casa do Velho Chico, que abriu as portas em outubro de 2001 de forma itinerante, em um caminhão, que já percorreu os municípios Neópolis, Itabaiana e Aracaju em Sergipe e alcançou mais de 30 mil sergipanos. A exposição reúne peças que adquiriu ao longo dos anos, pelas margens do Velho Chico.
Além de familiares, amigos e colegas, que compareceram à Alese para prestigiar o mais novo cidadão sergipano, estiveram compondo a mesa da solenidade: o presidente da Alese, deputado estadual e autor da propositura, Luciano Bispo; o secretário de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh), Olivier Chagas, representando o governador do Estado, Belivaldo Chagas; o desembargador aposentado, Netônio Machado, representando a Academia Sergipana de Letras Jurídicas de Sergipe (ASLJ) e a Academia de Letras de Pão de Açúcar (AL); o coordenador do Núcleo do Mini e Pequeno Produtor Rural e da Agricultura Familiar do Banco do Nordeste em Sergipe, Volnandy Brito; o médico e representante da Academia Sergipana de Medicina, Hamilton Maciel Silva; e o deputado estadual Georgeo Passos.
*Texto: Carolina Leite
*Fotos: Carolina Leite