Instituições apostam no melhoramento genético de peixes para produzir até seis milhões de unidades por ano só na região do Baixo São Francisco
Diretores, conselheiros e técnicos da Agência Nacional de Águas (ANA) se mostraram entusiasmados com as propostas para a 6ª edição da Expedição Científica do Baixo São Francisco, que será realizada de 4 a 13 de novembro deste ano em municípios de Alagoas e Sergipe.
A diretoria da agência foi totalmente renovada no ano passado e pela primeira vez tem duas mulheres na composição – uma delas, Ana Carolina de Castro, representou a instituição no encontro.
A apresentação – associada a uma espécie de ‘prestação de contas’ – foi feita pelos gestores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF). “Gostaria de participar. Sou geóloga por formação e gosto de ter os pés na lama”, brincou Ana Castro.
Por cerca de duas horas, ela e os 20 presentes ao encontro ouviram o relato de Emerson Soares, pesquisador da Ufal e coordenador-geral da expedição – que começou em 2018, com um “reconhecimento de território” e que hoje mobiliza pesquisadores de 28 áreas.
Soares contou, por exemplo, que um dos resultados da iniciativa foi a conscientização da necessidade de melhoramento genético para as espécies de peixes da região. Para tanto, ele mostrou – e pediu ajuda da ANA para desenvolvê-lo – um projeto para usar uma lagoa marginal do Velho Chico no município de São Brás (AL) como berçário de peixes.
Nesse lugar, não seria permitida a pesca nesse estágio e os peixes fariam um estágio (como não são selvagens, são presas fáceis para predadores como pirambebas) antes de serem levados ao leito do São Francisco – algo em torno de 4 a 6 milhões, já com seis meses de idade, ao ano. Obviamente, seria um grande incremento à produção – seja comercial ou para consumo próprio.
As sugestões foram acatadas e em breve haverá novo encontro destas instituições para detalhar formas de colaboração.
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Emerson Soares também mostrou aos técnicos da ANA o projeto da base de monitoramento e estudos flutuante, semelhante às usadas nos rios da Amazônia por cientistas.
Josealdo Tonholo, reitor da Ufal, lembrou neste encontro do teor da reunião que ele e os colegas tiveram com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Ele pediu, e a expedição é exatamente isso, que as universidades saíssem do casulo, do castelo de marfim, e ‘invadissem’ seu território, que participássemos do processo de reconstrução do país.
“Nossa expedição é um exemplo disso: ela é perene, constante, de redescoberta e reconhecimento do nosso povo”, disse Tonholo. A iniciativa, segundo ele, já está sendo vista como um novo Projeto Rondon.
Maciel Oliveira, presidente do CBHSF, reforçou que a ação da comunidade científica não tem como foco apenas checar a qualidade da água do São Francisco e propor algum tipo de solução passageira.
“O alvo final é a população ribeirinha, principalmente a rural, que sofre com doenças de veiculação hídrica pelo fato de não ter esgotamento sanitário, por exemplo”, diz Oliveira.
Assessoria de Comunicação do CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Renato Ferraz
*Fotos: Jonilson Lima/ANA