O Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco participou da 1ª Romaria do Cerrado, que teve como tema “Cerrado em Pé: do berço das águas, um clamor pela vida”. O evento, que aconteceu no dia 13 de setembro, na cidade baiana de Cocos, fechou a Semana do Cerrado, idealizada por lideranças das comunidades e entidades do Oeste da Bahia e Norte de Minas Gerais. A iniciativa teve início no dia 8, com o objetivo de celebrar “todas as formas de vida que o Cerrado oferece”, mas também denunciar os diversos problemas ambientais que afligem as populações, advindos, por exemplo, da construção de barragens, queimadas, desmatamentos, uso intensivo do solo, assoreamento e poluição de rios.
Na caminhada, o coordenador da Câmara Consultiva Regional do Médio São Francisco, Claudio Pereira, representante do CBHSF, ressaltou a importância de as autoridades competentes darem maior atenção às dificuldades enfrentadas pelo povo ribeirinho diante da escassez de água, de peixes e da degradação do meio ambiente.
Para o sociólogo Ruben Siqueira, que é um dos organizadores do evento, representando a Comissão Pastoral da Terra, é imprescindível que hajam ações de melhorias em bacias hidrográficas importantes para o cerrado. Ele citou rios mineiros, como o Urucuia e o Paraopeba, e alguns rios baianos, como o Carinhanha, Grande e o Corrente, como importantes contribuintes para o Velho Chico. “São rios que estão sendo degradados e poluídos diariamente e, assim como tantos outros, devem ser preservados”, afirma.
A 1ª Romaria do Cerrado percorreu mais de 3 km, desde a entrada da cidade de Cocos até o ginásio poliesportivo do município, e contou com cerca de 200 pessoas, reunindo representações de diversas comunidades tradicionais, paróquias, movimentos sociais, sindicatos, associações e organizações populares.
Carta no encerramento
Na Semana do Cerrado, que mobilizou cerca de 1.500 pessoas, houve um mutirão para intercambio entre comunidades do Cerrado visando a ampliação dos debates sobre a região. Os grupos passaram pelas comunidades de Correntina, Santa Maria da Vitória, Jaborandi, Coribe e Cocos, na Bahia; Chapada Gaúcha, Manga, Jaíba, Itacarambi e Januária, em Minas Gerais.
Como fruto dos debates, houve a elaboração de uma carta celebrando todas as formas de vida e de resistência no Cerrado e denunciando as mazelas que o uso intensivo do solo e as diversas ações humanas têm trazido para as comunidades. Ao final da caminhada, a carta foi lida e entregue ao coordenador da CCR, Claudio Pereira, para que levasse ao conhecimento dos demais membros do Comitê do São Francisco.
O cerrado
O Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul, com uma área de mais de 2 milhões de km, que ocupa cerca de 22% do território nacional, incidindo em 11 estados e mais o Distrito Federal. Neste espaço territorial, encontram-se as nascentes das três maiores bacias hidrográficas da América do Sul (Amazônica/Tocantins, São Francisco e Prata), o que resulta em um elevado potencial hídrico, e contribui para a biodiversidade do bioma.
ASCOM – Assessoria de Comunicação do CBHSF