Na última quarta-feira (08 de novembro), o Circuito Penedo de Cinema realizou o segundo dia da 4ª Mostra Velho Chico de Cinema Ambiental. Na oportunidade, novas escolas marcaram presença, juntamente com seus professores, o que elevou bastante à discussão ao fim das exibições dos curtas-metragens. Realizadores de alguns filmes contribuíram com suas perspectivas sobre as produções culturais e debateram com os pesquisadores ecológicos sobre o relacionamento que as pessoas têm tido com as águas. O evento aconteceu na sala de exibições de filmes, na Praça Doze de Abril, no centro da cidade de Penedo.
A produção que mais arrebatou o público foi “Pedro e o Velho Chico” que conta a história do garoto Pedro e do catador de material reciclável “Seu Chico”. Ao emprestar seu diário ao garoto o “Velho Chico” o convida para uma viagem mágica pelo Rio São Francisco. Apresentando um universo lúdico de leveza, magia e encantamento para as crianças, o curta traz reflexões importantes para as futuras gerações acerca dos problemas que envolvem o Rio São Francisco. O curta contou com o patrocínio do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF).
Roda de Conversa
O debate após a exibição das produções culturais contou com a participação de Petrônio Coelho Filho, que é biólogo, doutor em Oceanografia Biológica e possui experiência em sistemática de crustáceos e cultivo de camarões de água doce. Maria Egito, que é turismóloga e mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Além de convidar os produtores dos filmes: Rodrigo Lacerda, Kennel Rógis e Taynara Borges.
Em seu discurso, Petrônio apresentou dados alarmantes sobre a degradação ambiental. Ele mostrou que no passado um pescador tradicional conseguia retirar 12 kg de camarão, mas em 2014 passou a retirar 1 kg, ou seja, antes ele faturava 180 reais, depois ele passou a ganhar 20 reais apenas. Essa realidade traz impactos sociais gigantescos, pois profissionais como essas que antes eram passadas de pais para filhos, ser perderão no meio desta linha do tempo.
“Estamos ocupando de modo irregular nossos rios e mares e os filmes que passaram por aqui estão retratando muito bem isso. Os indicadores de impactos ambientais são alarmantes, se bem soubéssemos a gente cuidaria mais do rio. Nós fazemos parte desse grande complexo chamado meio ambiente, além de dependermos dele. Nós somos o bicho que mais transforma e mais sofre com essa transformação. Precisamos mudar a carranca que fica na beira do rio pelo Nego D’água, para que de fato venha defender o ria, não podemos afastá-lo”, afirma Petrônio.
Maria Egito levantou a discussão sobre como as pessoas tem se relacionado com as águas e sugeriu novas posturas. “Porque ainda precisamos conversar sobre a água, se água é vida? Porque ainda precisamos lembrar as pessoas que elas precisamos da água? Porque estamos tão distantes? Hoje nós desprezamos a natureza, utilizando-a somente quando precisamos. Os filmes exibidos na Mostra Velho Chico de Cinema Ambiental nos fazem refletir sobre a relação que precisamos ter com a água. A presença de vocês aqui já fala muito sobre a mudança de comportamento da gente. Água é vida e ela está circulando, exige responsabilidade, carinho e atenção. Temos um rio de oportunidades para melhorar diante da natureza, devemos buscar o autoconhecimento para saber onde podemos melhorar. Se vocês desejam ajudar o rio, junte-se a quem já está fazendo algo, o Comitê de Bacias é um desses”, ressalta.
O último dia da 4ª Mostra de Cinema Ambiental acontece nesta quinta-feira (09 de novembro), a partir das 14h, na sala de exibições na Praça Doze de Abril e a premiação final será no sábado (11), a partir das 22h30.
Confira as fotos
Por Vitor Luz
Fotos: Edson Leão