CCR do Submédio São Francisco realiza a sua 3ª reunião ordinária, em Águas Belas (PE)

14/08/2017 - 11:56

Texto e Fotos: Juciana Cavalcante
A atualização da metodologia de cobrança pelo uso da água da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco e a apresentação das diretrizes para entrega de projetos ao Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco foram a temática da terceira reunião ordinária da Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco (CCRSMSF). O encontro aconteceu na última quinta-feira (10), na Câmara Municipal de Águas Belas (PE).
O texto atualizado da metodologia de cobrança foi apresentado pelo diretor técnico da Agência Peixe Vivo, Alberto Schvarztman, e deverá ser aprovado pelos 64 membros do CBHSF, na reunião extraordinária que acontecerá no próximo dia 25 de agosto em Brasília. A atual cobrança, aprovada em 2008, está em vigor desde 2010. “Até hoje a metodologia permanece a mesma, desde os mecanismos aos valores. Agora está sendo realizado o aprimoramento da metodologia para distinguir, dentro de cada segmento, os bons dos maus utilizadores da água, para a cobrança cumprir o seu papel como instrumento de gestão”, afirmou o coordenador da CCR Sumédio São Francisco, Julianelli Tolentino.
De acordo com Schvarztman, a atualização do texto propõe mudanças que chegarão a todos os usuários. “Muda para todos. Uns setores vão sentir mais essa mudança porque, não só os preços estavam defasados, como os mecanismos, que são os coeficientes que diferenciam um usuário do outro. Para todos os setores foram realizados estudos que demonstram que não haverá impactos drásticos. É, então, uma mudança necessária”, explicou.

Diretor técnico da Agência Peixe Vivo, Alberto Schvarztman, apresenta o novo texto da metodologia de cobrança
Também participaram do encontro o prefeito da cidade de Águas Belas, Aroldo Resende de Lima, o secretariado municipal, vereadores, representantes da tribo Fini-ô e das cidades de Jacobina, Abaré, Sobradinho, Juazeiro, Cabrobó, Afogados da Ingazeira, Lagoa Grande, Santa Maria da Boa Vista, além da Universidade Federal Rural de Pernambuco e a sociedade civil. “A reunião cumpriu um importante papel que é de aproximar o Comitê da população, a tornando parte do processo e lhes dando conhecimento das ações que vão lhes atingir diretamente quanto ao uso e preservação da bacia hidrográfica”, ressaltou Julianeli.
Sobre a apresentação do formato dos projetos para entrega ao Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco através da CCRSMSF, feita pelo secretário da CCR Almacks Luiz, foi definido pelos membros a realização de uma reunião extraordinária e a inclusão na programação de um tutorial. “Isso vai facilitar o acompanhamento dos projetos e também as respostas”, disse o secretário.
A reunião ainda contou com o seminário sobre “Algaroba e o Recaatingamento”, ressaltando a importância do bioma, além de lembrar o trabalho de mobilização para sua preservação. O Seminário foi ministrado pelo representante do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA), Johann Gnadlinger e pelo pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Semiárido), Clóvis Eduardo de Souza Nascimento.
Tema da campanha “Eu viro carranca pra defender o Velho Chico” de 2017, a preservação do Cerrado e da Caatinga conta com o apoio do CBHSF na defesa da declaração dos dois biomas pelo Congresso Nacional como patrimônios nacionais. Para isso, o Comitê está coletando assinaturas para viabilizar a proposta que institui a Caatinga e o Cerrado como patrimônios nacionais, como já ocorre com a Mata Atlântica e Floresta Amazônica.
Acesse o link para assinatura do abaixo-assinado: http://2017.cbhsaofrancisco.org.br/abaixo-assinado-caatinga-e-cerrado/
Tribo Funi-ô
Como parte da programação, no dia 11, os membros do comitê participaram ainda de visitas técnicas à comunidade quilombola Associação Comunitária Remanescente de Quilombo de Tanquinhos, que está em resgate da sua história, e à tribo Funi-ô, única do Nordeste a conseguir preservar a própria língua. A tribo que tem um dos povos mais antigos, tem suas terras em conservação na cidade de Águas Belas.
Receptivos, o índios Funi-ô fazem ritual de proteção para os visitantes
O grupo do submédio São Francisco foi um dos primeiros a visitar o recém-criado centro cultural da tribo. “Todos são bem-vindos à nossa comunidade onde podemos passar a mensagem de amor à natureza, porque se acaba com ela, acaba com índio”, disse o índio Clovis Barbosa de Lima que também tem o nome indígena Txou que significa “novo na idade, ancião no conhecimento”. A tribo tem atualmente sete mil pessoas.