O rio São Francisco é muito mais do que um rio. Ele faz parte da vida das pessoas que vivem à suas margens de uma forma tão marcante, que muitos chegam a acreditar que o rio tem vida própria. As lendas populares afirmam essa teoria e em uma delas o Velho Chico tem direito até ao seu sono de beleza.
A lenda do sono conta que o Velho Chico, que trabalha o dia inteiro para atender as necessidades das pessoas, adormece a meia noite. Esse é o momento em que as almas dos afogados se dirigem para as estrelas, a mãe d’água sai das águas e enxuga seus cabelos, os peixes param no fundo do rio e até as cobras perdem o seu veneno. Essa calmaria pode parecer o momento ideal para se pescar e navegar, mas a lenda conta que o despertar do rio pode custar caro.
Dizem também que, há muito tempo atrás, uma menina que morava na cidade de Juazeiro era possuidora de uma grande beleza. Certo dia, nas margens do Velho Chico, ela permaneceu por muitas e muitas horas olhando seu reflexo nas águas que estavam cristalinas e acabou esquecendo das horas e da sua casa. Quando chegou às 18 horas, no badalar do sino, ela se transformou em uma gigante e terrível serpente, essa é a lenda da Serpente da Ilha do Fogo.
Tem também o Nego D’água, que habita a profundeza dos rios e com suas gargalhadas assusta os pescadores e lavadeiras que não o agradam com peixes, fumo de mascar e pinga. Ainda segundo a lenda, O Nego D’água costuma virar a canoa dos pescadores que pescam durante a Piracema ou que pescam de forma prejudicial ao meio ambiente.
O Minhocão é destaque entre as lendas do Velho Chico, ele seria uma serpente gigantesca, fluvial e subterrânea, que viveria no rio. Reza a lenda que o Minhocão seria capaz de se locomover por debaixo da terra, chegando até as cidades, sendo capaz de desmoronar casas e servindo de explicação para fenômenos de desnivelamento.
Esses são alguns dos personagens ou lendas do folclore da cultura popular das pessoas que vivem próximo ou às margens do rio São Francisco.