Situação do rio Pajeú é discutida em oficina de diagnóstico e educação ambiental

01/11/2017 - 13:39


Representantes das comunidades no entorno do Rio Pajeú participaram, durante esta terça-feira (31 de outubro), da segunda oficina de capacitação e educação ambiental promovida pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF). O encontro aconteceu na unidade acadêmica da Universidade Federal Rural de Pernambuco, em Serra Talhada, a 415 km da capital pernambucana, Recife.
As oficinas fazem parte do projeto de elaboração de diagnóstico ambiental e plano de ação em trechos da Bacia Hidrográfica do Rio Pajeú, em Pernambuco. Após o seminário inicial e a aplicação de questionários e coleta de amostras de água, sedimentos e solo, as oficinas cumprem o objetivo de integrar as comunidades no entorno do rio para a construção do plano de ações, que busca controlar a erosão e proteger nascentes no alto curso – em São José do Egito; no médio curso – em Serra Talhada; e no baixo curso – entre os municípios de Itacuruba e Floresta, todos no estado de Pernambuco.
“Preparamos a oficina de maneira construtiva com a participação máxima das pessoas que estão na beira do rio, onde foram feitas as coletas de solo, água, sedimentos e onde houve a aplicação dos questionários. Nesse momento, falamos sobre o uso de agrotóxicos, desmatamento e preservação ambiental, e neste contexto abrimos espaço para que essas pessoas façam o levantamento dos problemas em suas regiões e apontem soluções. Tudo isso irá compor o plano de ação para recuperar esse trecho do Rio Pajeú”, afirmou a engenheira agrônoma, Edivania de Souza Silva.
Demandados por reivindicações comunitárias, os projetos de recuperação hidroambiental executados em diversos pontos da bacia pelo CBHSF, atuam sobre a degradação do Rio São Francisco e seus afluentes. O Pajeú nasce na Serra do Balanço, município de Brejinho, a uma altitude aproximada de 800 metros nos limites entre os estados de Pernambuco e Paraíba. Ao longo do seu curso, margeia as cidades de Itapetim, Tuparetama, Ingazeira, Afogados da Ingazeira, Carnaíba, Flores, Calumbi, Serra Talhada e Floresta.
Como resultado dos diagnósticos, será levantada a necessidade de ações como a construção de curvas nível, paliçadas, terraços e barraginhas para a contenção de águas de chuva; melhorias ecológicas nas estradas vicinais; recomposição vegetal e cercamento de nascentes; além de mobilização das comunidades com foco em iniciativas de educação ambiental.
Preliminarmente, na região pernambucana já é possível apontar o uso acentuado de agrotóxicos nas plantações, além da grande concentração de poluentes no rio. “Hoje no Pajeú não corre mais água, é uma tristeza dizer isso, mas é a nossa realidade. O rio está completamente poluído pelo despejo de esgoto das cidades e para mim, que moro no leito do rio, é um problema imenso”, disse a produtora rural, Léia Patrícia Lima.
A Bacia Hidrográfica do Rio Pajeú é a maior do estado de Pernambuco, com uma área aproximada de 16.685,63 km², compreendendo cerca de 16,97% da área do estado. “O Pajeú nasce em nosso estado e percorre um longo trecho atendendo diversas famílias, mas que assim como o São Francisco, agoniza. Por isso, quando um projeto é discutido com a sociedade em geral, traz uma grande eficácia, isso porque quando o agricultor e todos os atores sociais estão engajadas na mesma luta, acredito que conseguimos de fato preservar e atingir a sustentabilidade. É essa a importância do diagnóstico que vai apontar soluções viáveis para evitar a morte do nosso rio, tanto os afluentes como o Pajeú quanto o São Francisco”, concluiu a presidente do Comitê do Rio Pajeú, Ivanilda da Silva.

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Texto e fotos: Juciana Cavalcante