Qualidade da Água e Saneamento é tema do segundo dia do III SBHSF

10/12/2020 - 11:02

O segundo dia da terceira edição do Simpósio da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (III SBHSF), realizado nesta quarta-feira (09/12) apresentou questões que envolvem o tema qualidade da água e saneamento.

O renomado professor Robert Mason Hughes, do Amnis Opes Institute, dos Estados Unidos, iniciou a programação com uma palestra que apresentou o projeto de revitalização do rio Willamette, no Estado do Oregon, sob os aspectos químico, físico, biológico e social. 

Historicamente, os peixes do Rio Willamette sofriam com os impactos gerados pelas alterações de canais e pelo regime de barragens, que estavam atrapalhando a integridade dos peixes nativos. No ano de 1911 o corpo d’água norte-americano já era considerado um “esgoto a céu aberto” e o palestrante mostrou que para realizar a revitalização de um curso d’água é importante considerar os aspectos físicos, químicos, biológicos e sociais.

“Com o objetivo de recuperar o ecossistema foram adotadas medidas para a recuperação e revitalização do rio, como o tratamento de resíduos e a diminuição de peixamentos. Ao longo do tempo, essas medidas tomadas, juntamente, com a elaboração de novas leis e regulamentos para a proteção ambiental, e ações coletivas de diversos órgãos públicos e privados proporcionaram uma melhor qualidade da água no Willamette”, esclareceu.


Assista a palestra: 


Mesa-redonda: Impacto do Saneamento na Segurança Hídrica

O impacto do saneamento na segurança hídrica foi tema da mesa-redonda que contou com a participação da professora do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Federal de Minas Gerais (Desa/UFMG), Lisete Lange, o professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Luciano Queiroz e da professora da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Nélia Callado. A mesa-redonda contou com a moderação do professor do Desa/UFMG, Marcos Von Sperling, que tem mais de 40 anos de experiência na área de tratamento de esgotos e controle da poluição das águas.

A professora Lisete Lange abriu as apresentações com uma palestra com o tema “Implicações da ocorrência, remoção e variação sazonal de fármacos em estações de tratamento de água no Brasil”.

“A ocorrência de fármacos nos ambientes aquáticos e na água potável tem preocupado a comunidade científica principalmente no que diz respeito aos impactos causados ao meio ambiente e na saúde pública. Diversos estudos realizados em diferentes cursos d’água mostram a ocorrência de fármacos na água dos mananciais de abastecimento e na água potável em cursos d’água do Brasil. Os resultados indicaram a presença de muitos fármacos na água superficial dos mananciais de captação e na água tratada, o que demonstra a possível ineficiência do tratamento aplicado na remoção dos mesmos e a necessidade de se considerar outros tipos de tratamento”, afirmou Lisete Lange.

Luciano Queiroz abordou a circularidade do saneamento e os impactos da segurança hídrica. O palestrante alertou sobre a importância de aumentar a resiliência do sistema do Rio São Francisco, evitando a dependência de cheias sazonais que tendem a ficar cada vez mais difíceis com as mudanças climáticas.

Além disso, Luciano Queiroz apontou caminhos para o futuro para melhorar a segurança hídrica, como por exemplo, formar e informar a população sobre a recuperação dos cursos d’água, bem como a promoção de políticas e ações de integração efetiva entre os setores de saneamento, energia e agricultura.

Finalizando as apresentações da mesa-redonda, Nélia Callado, mostrou o que é necessário para ter segurança hídrica na área de saneamento básico. “Universalizar os serviços de saneamento é um importante componente para a revitalização de bacias hidrográficas e, consequentemente, para a segurança hídrica. Revitalizar as bacias é um dos pilares para a segurança hídrica”, esclareceu Nélia que também abordou os impactos da falta de cada um dos quatro eixos do saneamento na segurança hídrica.


Assista a palestra:


Biomonitoramento e condições ambientais na região do Baixo São Francisco 

O professor do Centro de Ciências Agrárias (Ceca) da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) finalizou a programação do dia 09 de dezembro do III SBHSF apresentando o trabalho de biomonitoramento e condições ambientais na região do Baixo São Francisco, realizados na expedição científica. O evento é coordenado pelo professor Emerson Soares e conta com o apoio do CBHSF.

“Da nascente à sua foz, o rio São Francisco vem sofrendo degradações que levam a bacia hidrográfica do rio São Francisco a sofrer sérios impactos ambientais e todos os reflexos caem na região do Baixo. A expedição analisa a qualidade da água e a situação da ictiofauna no Baixo São Francisco, peixes contaminados com metais pesados e cianobactérias nas águas, dentre inúmeros pontos que comprometem a saúde coletiva e a biodiversidade”, disse Emerson Soares.

A III Expedição Científica do Baixo São Francisco reúne 50 pesquisadores, além de doze pessoas na equipe de apoio para o desenvolvimento de estudos em 25 áreas diversificadas, a exemplo de pesca, poluentes, limnologia, microbiologia, ictiofauna, hidrologia, arqueologia subaquática, turismo de base comunitária, socieconomia, tratamento de água, saúde coletiva e bucal.


Assista a palestra: 


O SBHSF é uma realização do Fórum das Instituições de Ensino e Pesquisa da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (FIENPE), em conjunto com o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) e da Agência Peixe Vivo. O evento está sendo transmitido pelo canal do Comitê no Youtube!

 

Assessoria de Comunicação CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Luiza Baggio